Enfim, chegamos ao final de 2020! Não sei você, mas estou com essa sensação de o ano passou voando e parece que foi ontem que começávamos a quarentena do Covid...
Ao fazer a retrospectiva do ano, fiquei surpreso ao ver a quantidade de notícias e fatos relevantes que ocorreram em 2020.
O Início do Fim do Mundo
O ano começou com o aumento de tensões entre os EUA e o Irã, com o bombardeio em bases americanas no Iraque. Aquele clima de Guerra Mundial na primeira semana de janeiro mudou para preocupações com o maior incêndio da história da Austrália e então veio o Coronavírus em escalada global, trazendo consigo um pacote de mazelas.
Covid-19
Com o avanço do vírus, vimos também o avanço de uma série de medidas duras contra as liberdades, na tentativa de conter a disseminação do Covid-19 e sob o argumento de achatar a curva de contágio.
Essas medidas trouxeram ainda uma série de efeitos colaterais, ao passo que a atividade econômica foi comprometida e resultou em mais intervenções econômicas e monetárias ao redor do mundo em maior e menor grau.
Economia e mercado financeiro
Com o agravamento do número de infectados e as medidas de isolamento e lockdown, tivemos um aumento sem precedentes nos índices de desemprego e talvez o estopim de uma das piores crises econômicas da história recente, que por enquanto segue silenciosa.
Vale lembrar que Mercado Financeiro e Economia não são a mesma coisa. Por muitas vezes a economia pode estar em frangalhos e o mercado estar em um movimento de alta, exatamente como acontece agora.
E quais as causas? Podem ser várias. Tivemos as maiores injeções de liquidez da história, com a emissão de trilhões de dólares, fazendo com que cerca de um quarto de todo o dólar em circulação (M2) tenha sido emitido entre os meses de março e dezembro de 2020.
O impacto da revolução financeira
O Bitcoin já apresentou a melhor performance da última década e também desponta como um dos melhores ativos do ano. Isso não quer dizer que é para você dar "all in" e investir todo o seu patrimônio nisso, mas que já passou da hora de você dedicar alguns minutos para tentar entender essa tecnologia e todo o impacto que poderá causar no futuro do sistema financeiro.
Cotado a US$ 7 mil em janeiro e no momento que escrevo esse texto próximo aos US$ 27 mil, o Bitcoin veio neste ano consolidando a tese de que poderá servir como uma reserva de valor no futuro e encerra o ano com uma confiança absurda.
Apesar de ter caído fortemente em março, durante a “semana vermelha”, que derrubou todos os mercados globais, o Bitcoin apresentou rápida recuperação e contou com a mudança de visão e olhares de diversos investidores institucionais e bilionários.
De fato, a escassez digital programada do Bitcoin tem se mostrado cada vez mais importante e em maio tivemos a 3ª redução na emissão de novos Bitcoins, passando de 1800 Bitcoins por dia para 900 e entrando no 4º grande ciclo do ativo.
No meio do ano, as finanças descentralizadas ganharam força e pudemos ver vários protocolos de DeFi chamando a atenção de pequenos investidores, impulsionando a alta de outros criptoativos, como da rede Ethereum. A possibilidade de criação de instrumentos financeiros em redes descentralizadas é algo que desperta meu interesse e vou dedicar um artigo somente sobre este tema.
Depois tivemos a adoção das primeiras empresas listadas em bolsa, que passaram a comprar parte do seu caixa em Bitcoins como forma de reserva de valor. O movimento pela MicroStrategy (MSTR) e seu CEO Michael Saylor acabou impulsionando outras empresas a fazerem o mesmo, como foi o caso da Square (NYSE:SQ), que também comprou parte do seu caixa em Bitcoins. E esse movimento não foi só de empresas, já que em novembro, o segundo homem mais rico do México, o bilionário Ricardo Salinas declarou ter 10% do seu patrimônio liquido em Bitcoins.
Até ícones como o Ray Dalio, um dos maiores gestores de investimentos do mundo, que já havia declarado que Bitcoin não fazia sentido em nenhuma tese, voltou atrás e disse que “pode estar deixando passar algo em relação ao ativo” e que pode fazer sentido em uma tese de investimentos no futuro como uma “alternativa interessante” ao Ouro.
Outro ponto importantíssimo foi a da gestora de cripto Grayscale, que foi responsável pela compra de cerca de 350 mil Bitcoins em 2020 através do seu Trust GBTC e a brasileira Hashdex que anunciou o lançamento do primeiro ETF de cripto do mundo. Além disso, o PayPal também passou a oferecer a negociação de criptos dentro do aplicativo nos EUA e a Samsung reforçou a ideia de uma carteira nativa de criptoativos, oferecendo o App dentro da loja global.
Tudo isso levou o Bitcoin a superar a máxima histórica de 2017 de US$ 19.980 pra chegar até a casa dos US$ 28.000, mostrando toda a força de compra dos institucionais em um movimento que ainda não refletiu no varejo.
Livros e Podcasts
Gosto sempre de deixar algumas indicações de leituras e podcasts que me marcaram ao longo do ano.
O livro que mais me marcou em 2020 foi o meu, O Futuro do Dinheiro, que lancei em fevereiro e que teve os eventos de autógrafos interrompidos no meio graças ao início da pandemia em março. Falar sobre como a tecnologia vai mudar o mercado financeiro e a nossa relação com o dinheiro não foi uma tarefa fácil e acredito que o resultado ficou muito legal.
De leituras, o que mais me marcou foi o The Man Who Solved the Market, que conta a história de Jim Simons, um matemático fundador da Renaissance Technologies, simplesmente gestora do fundo mais rentável do mundo, com um retorno médio de 66% ao ano desde 1988. Até o momento o livro está somente em inglês, mas sem dúvidas foi o melhor do ano.
De Podcasts, deixo também duas sugestões: a primeira é o meu próprio podcast Futuro do Dinheiro, onde tenho colocado as entrevistas que fiz para o livro com os maiores especialistas do Brasil em finanças, investimentos, tecnologia e economia.
Outro Podcast que não deixo de ouvir é o Muito Risco e Pouco Ego, do Daniel Zukerman e o Tio Ricco. Sobre cripto, gosto muito do Bloco Cripto apresentado pelo Safiri Felix.
2021
As perspectivas para o ano que vem são as melhores possíveis, onde acredito que veremos uma adoção cada vez mais de investidores institucionais neste mercado. Felizmente, a classe de ativos digitais tornou-se muito relevante pra ser ignorada e gestores precisarão iniciar a alocação nesses ativos.
Resta saber quando o varejo vai entender novamente esse movimento e como será quando isso acontecer. Temos uma ideia de como foi em 2017, mas desta vez estaremos em águas nunca antes navegadas.
O que tenho certeza é que não tomar nenhuma exposição e não entender esse mercado é mais caro do que estar exposto e arcar com a volatilidade.