Riscos à economia brasileira na escalada da guerra comercial com os EUA

Publicado 25.07.2025, 17:24
Atualizado 25.07.2025, 17:24

Nos últimos dias, o cenário político-econômico global foi sacudido pelo anúncio de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, previstas para entrar em vigor em 1º de agosto de 2025. Esta medida, anunciada pelo governo Trump, foi justificada com bases políticas, não econômicas – e isso torna o impacto ainda mais grave.

Empregos e PIB em risco

Setores exportadores como agronegócio, química, alimentos e aeroespacial já sentem os primeiros efeitos: contratos cancelados e rotas comerciais interrompidas. A CNI estima que mais de 100 mil empregos podem ser perdidos e o impacto ao PIB brasileiro pode chegar a –0,2%  A CNA vai além e prevê uma queda de até 50% no valor das exportações agrícolas para os EUA.

Pressão sobre pequenos produtores

Pequenos cafeicultores brasileiros, que dependem da exportação para os EUA, o país importou cerca de 16% do café brasileiro em 2024, enfrentam incertezas extremas. Sem reservas financeiras ou capacidade de mudança rápida de mercado, muitos temem ser forçados a abandonar a atividade.

Inflação e câmbio descontrolado

Mesmo com uma previsão de crescimento de 2,2% do PIB em 2025, a inflação se mantém no patamar de 5,2%, com risco de subir caso o conflito comercial se agrave. O real já acumulou desvalorização, afetando custos de importações e investimentos. Se o cenário se agravar, a inflação pode atingir 4,9% ou mais em 2026, pressionando ainda mais a taxa básica de juros, prevista em 15% até o fim do ano.

Deseindustrialização acelerada e pressão sobre a indústria

A concorrência global, especialmente vinda da China, tende a intensificar-se. Se o Brasil for inundado por produtos chineses mais baratos como resultado da reorientação das cadeias, segmentos industriais já fragilizados poderão se retrair ainda mais, aprofundando a desindustrialização que já corrói parte significativa do setor manufatureiro nacional.

Relações estratégicas e dependência externa

A pressão dos EUA empurra o Brasil para estreitar laços com China, Rússia e outros parceiros do BRICS, o que pode oferecer estabilidade, mas também gerar riscos geopolíticos e econômicos. Romper ou fragilizar relações com os EUA sem uma estratégia clara pode limitar o acesso ao maior mercado do mundo e reduzir o grau de liberdade estratégica do país.

Caminhos de contenção

O governo brasileiro adotou medidas emergenciais, como:

  • ativação da Lei de Reciprocidade Comercial,

  • abertura de disputa na Organização Mundial do Comércio (OMC),

  • elaboração de um auxílio a cerca de 10 mil empresas impactadas, com linhas de crédito e suporte técnico.

Além disso, a diplomacia segue ativa: diversas reuniões internacionais, cartas oficiais e mobilização de setores produtivos dividem o protagonismo com a articulação política entre o Brasil e o empresariado estadunidense.

Por que isso importa para você (e para o Brasil)?

  • Empresários e startups devem revisar mercados fornecedores e considerar diversificação de clientes e rotas logísticas.

  • Líderes governamentais precisam fortalecer canais de diálogo, enfatizando diplomacia e previsibilidade em políticas comerciais.

  • Profissionais, especialmente nos setores de comércio exterior e agroindústria, devem estar prontos para redeployment e reposicionamento estratégico.

Este não é apenas um choque de tarifas, é uma chamada de atenção para o papel da soberania econômica, da redução de vulnerabilidades externas e da resiliência institucional e produtiva.

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