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A temporada de balanço de resultados do segundo trimestre de 2021 iniciou e as próximas três semanas prometem fortes emoções. Acredito que veremos muitas manchetes exaltando crescimentos de 2 a 3 dígitos nos lucros das empresas.
Parte da justificativa para essas variações estará relacionada ao desempenho operacional das companhias, mas, principalmente à fraca base de comparação do segundo trimestre do ano passado (fortemente impactado pelas medidas restritivas ligadas à pandemia). Portanto, cuidado. Muita atenção a crescimentos muito expressivos. Expansão de resultados é ótimo, mas mais importante é acompanharmos a trajetória dos lucros nos últimos trimestres.
Vale lembrar também as mudanças que ocorreram em alguns indicadores econômicos nesse trimestre que passou. A Selic teve uma alta de 1,5 p.p. no período, atingindo 4,25%. O dólar recuou mais de 10%, chegando a ficar abaixo dos R$ 5 por alguns dias. As projeções do mercado para o crescimento do PIB seguem melhorando, mas temos a inflação se mantendo em patamares ruins.
Adicionalmente, vemos a vacinação da população brasileira avançando, o que pode ajudar ainda mais segmentos que dependem bastante da presença das pessoas, como o varejo físico e os shoppings, por exemplo.
Então, além da evolução (ou não) dos números das empresas, é fundamental ficarmos atentos às projeções e expectativas que as empresas irão trazer. Lucros que crescem são bons, mas lucros que continuam crescendo são melhores ainda.
Feitas as observações e destaques, vamos para os segmentos que na minha opinião podem chamar mais atenção para essa temporada de balanço:
Não é novidade para ninguém o estrago que a pandemia fez nos resultados das instituições financeiras brasileiras. Os nove primeiros meses do ano passado foram marcados por elevadas provisões para perdas. Nesse aspecto, o 2T20 se destacou negativamente nos lucros apresentados. Dessa forma, menores provisões, aumento na concessão de crédito e iniciativas de eficiência que foram adotadas nos últimos 12 meses podem ajudar não só no crescimento, mas na consistência dos números que serão apresentados. Santander (SA:SANB11) fará as honras do setor na quarta-feira (28/07).
Mesmo com o recuo dos últimos meses, ainda estamos vivendo um cenário de dólar elevado. Pensando no segmento de celulose, os preços mais altos da celulose devem ajudar as exportadoras novamente. Para papel, a demanda aquecida permite que a indústria trabalhe com preços mais elevados, que compensam e alta dos custos.
Para mineração, não há o que comentar. Os preços seguem em patamares recorde e esse cenário não deve se modificar no curto prazo. Especificamente com relação à Vale (SA:VALE3), ainda que os preços despenquem, a companhia seguirá extremamente lucrativa. Na siderurgia a recuperação do setor automotivo é o principal impulsionador. As vendas para esse segmento melhoram o mix de vendas, elevando os preços médios e ajudando na compensação da alta dos custos. Vale (28/07), Irani (SA:RANI3) e Usiminas (SA:USIM5) (30/07) abrem os trabalhos.
Aqui as teses estão relacionadas à reabertura que temos visto nas cidades. Os dois segmentos são muito dependentes do fluxo de pessoas e o afrouxamento das medidas sanitárias é um fator determinante para a melhora. Para os shoppings não é esperado um resultado fenomenal, mas sim a sinalização de que o pior passou. Os resultados certamente irão melhorar, mas devemos manter a atenção nas comparações com o 2T20.
No varejo destaquei as varejistas tradicionais pois foram as mais prejudicadas nos últimos meses. O segmento on-line deve seguir performando bem, mas com taxas de crescimento mais comedidas em relação aos trimestres anteriores. Agora, para as empresas com atuação mais “tradicional”, o 2T21 será um ponto de inflexão nos números. Além do aumento das vendas, os resultados devem melhorar também devido à melhora da eficiência das empresas. Dessa forma, não me surpreendo se os números atingirem ou superarem patamares pré-pandemia. Multiplan (SA:MULT3) e Pão de Açúcar (SA:PCAR3) (28/07) serão os primeiros do setor de consumo.
Acredito que outros setores também devem trazer bons resultados nessa temporada de balanço, mas na minha opinião esses serão os grandes vencedores da temporada. As próximas semanas mostrarão se as previsões foram corretas, mas acima de tudo, indicarão os rumos que a nossa economia está tomando.
Um abraço e até o próximo!
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