O dólar estadunidense iniciou esta semana de negociação se desvalorizando contra todas as principais moedas. As vendas de casas usadas caíram mais do que o esperado no mês de maio, com as vendas ano a ano registrando seu pior declínio desde 2010.
Com os juros em níveis tão baixos, a fraqueza no setor imobiliário não é surpreendente, pois a taxa de desemprego de dois dígitos reduz a confiança dos americanos para adquirir casas novas. O mercado imobiliário deve apresentar uma das recuperações mais lentas, e os dados continuarão refletindo isso.
Dito isso, outras partes da economia americana estão se recuperando mais rápido. Os rendimentos dos títulos do Tesouro também caíram, aumentando a pressão sobre a divisa americana, enquanto as perdas contidas nas ações ajudaram a valorizar as moedas com beta elevado.
Nesta semana, apenas dois eventos são realmente importantes: o número de novos casos de Covid-19 e qualquer manchete sobre a prorrogação dos benefícios de auxílio desemprego ou mais estímulos nos EUA. A Casa Branca afirmou ontem que está elaborando um novo pacote de estímulo de mais de US$ 1 milhão.
Surgiram muitos rumores de que haveria um segundo pagamento de cheques ou outra medida de alívio contra o coronavírus e, de acordo com o último anúncio, o pacote deve incluir uma prorrogação do auxílio desemprego e incentivos de retorno ao trabalho. Com a aproximação da data de vencimento do auxílio desemprego em 31 de julho, essas tratativas devem ganhar força.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, os casos de Covid-19 tiveram, no domingo, o maior aumento em um único dia. Depois de fortes disparadas de novos casos de coronavírus, esta é uma semana muito importante para o Arizona e a Flórida, que registraram menores aumentos de casos de vírus na segunda-feira e, se essa tendência continuar, haverá um arrefecimento nas preocupações com uma segunda onda, aumentando os ganhos nas moedas e ações.
O euro e a libra esterlina também estarão em foco na terça-feira, com os números de PMI de junho agendados para divulgação. Depois de quatro dias de perdas, a libra esterlina teve um repique graças a reportagens de que houve uma redução de novos casos de coronavírus no Reino Unido desde o lockdown de março.
As vendas no varejo divulgadas na sexta-feira também foram mais fortes do que o esperado, e as tratativas do Brexit parecem estar descongelando. Os PMIs do Reino Unido e da Zona do Euro devem ser mais fortes com o afrouxamento das restrições de lockdown e a retomada da atividade comercial. Ao contrário de outras partes do mundo, a curva em ambas as regiões permaneceu relativamente achatada.
Os dólares da Nova Zelândia e da Austrália foram os maiores beneficiários da fraqueza do dólar americano. Isso se deveu, em parte, à melhora no sentimento e otimismo de que a China controlou seu surto mais recente, com apenas nove novas infecções em Pequim no domingo.
O Reserve Bank da Nova Zelândia também se reúne hoje e, em vista do sucesso do país no combate à Covid-19 e ao relaxamento das medidas de distanciamento social, a expectativa é ver um otimismo por parte do banco central.
A melhora na atividade industrial e de serviços deve impulsionar a confiança do banco central mas, mesmo assim, o PIB do país ficou negativo no primeiro trimestre. E, apesar de o país estar avançando bem rumo à recuperação, é possível que o banco reconheça incertezas. O dólar canadense também se beneficiou do rali de risco, apesar das vendas de varejo mais fracas na sexta-feira.