Bom texto, Carlos. Eu sempre gosto de lembrar que temos pesquisas, como a tese do Ângelo Orru Neto, que mostram que não há correlação entre FIIs (além de outros índices imobiliários) e a inflação. Dessa forma, não funcionam como hedge inflacionario - diferente do IMA-B.
22.05.2022 12:24
Bom, cito aqui a tese do Angelo Orru-Neto que mostra, em linha com pesquisas feitas em outras economias, que FIIs não tem correlação com IPCA e, se forem tomados como um hedge de inflação (apesar de não se comportarem como tal), não são uma boa escolha. Eles são muito mais arriscados que a renda fixa, e muito menos rentáveis que ações, razão pela qual formam mais ou menos só 4% do mercado global. Investir em FIIs é uma péssima ideia segundo a ciência, mas gera lucros pra corretoras, gestoras, casas de análise, etc.
31.12.2021 10:28
Finalmente alguém que entende o valor e importância de se investir com base em índices amplos, não em ações específicas! Eu comecei com gestão ativa e quanto mais estudava, mais me dava conta de como a gestão passiva é cientificamente superior. Hoje tenho bons retornos sem ter que esquentar a cabeça com empresas ou países específicos, e ajudo outras pessoas a fazerem o mesmo (sou consultor CVM). Abraços!
18.09.2021 9:44
Obrigado pelo texto, professor!
Markowitz realmente tem mtas limitações, mas como vc disse, é a pedra fundamental dos estudos modernos em gestão de carteira e precificação de ativos. No meu caso, me oriento e recomendo que outras pessoas se orientem pelo modelo de cinco fatores Fama-French (Fama-French Five Factor), com atenção para as peculiaridades de cada mercado (emergente x desenvolvido).
Fica a sugestão de abordar esse tema num artigo futuro, pois toca precisamente nos fatores de risco não contemplados pelo modelo de Markowitz, com a distinção fundamental entre fatores de risco com e sem prêmio esperado, assim como do impacto negativo que a gestão ativa costuma gerar no longo prazo.
Abraços e sucesso!
15.09.2021 10:20
Bom, podemos tbm simplesmente entender que sem levar em consideração a percepção de risco internacional, a taxa neutra sempre será falha na sua capacidade de reaquecer a economia. Ao msm tempo, que ela por si só não resolve nada, pois necessita de amparo estatal e redistribuição de riqueza pra fazer a economia se reavivar de baixo pra cima.
Foda que isso vai contra a "teoria", ou fantasia, liberal. Mas não dá pra levar essa galera a sério.
08.09.2021 10:35
Sobre a relação com valor patrimonial, as pesquisas já mostraram tbm a existência do efeito do "misvaluation". Quer dizer, como o valor dos imóveis é definido por uma avaliação e não por um mercado altamente eficiente, como no caso das ações, existem discrepâncias severas entre o "valor patrimonial" e o valor de mercado, especialmente considerando a baixíssima liquidez dos ativos reais.
Com isso em mente, ao vermos um FII sendo negociado ABAIXO do seu suposto valor patrimonial, é muito mais provável que o valor patrimonial é que se adeque ao preço e não o contrário. Não é que está barato, na verdade é que o valor patrimonial está atrasado em relação ao preço e tende ou a cair ou a gerar um retorno mais baixo do que o previsto.
08.09.2021 10:25
Obrigado pela contribuição! Sugiro a leitura da tese de Angelo Orru Neto (2015), chamada "Fundos de Investimento Imobiliário e suas características de hedge contra inflação no Brasil". Assim como outras várias pesquisas mostraram, a correlação entre FIIs, REITs e outros ativos imobiliários possui uma correlação com a inflação que é muito menor do que se imagina.
Outro trabalho interessante é o de Mladina (2018), mostrando como um portfólio composto por crédito high yield (títulos de maior risco de crédito) e small caps consegue reproduzir de forma mais eficiente o rendimento gerado por diferentes portifólios de REITs (FIIs dos EUA). No caso, a introdução dos REITs introduz riscos NÃO compensados, justamente por sua natureza híbrida (são parte renda fixa e parte renda variável). Conclui argumentando a favor de uma exposição orgânica ao setor, isto é, que inclui apenas aquilo que já está na média do mercado.
02.09.2021 8:59
Há algumas possibilidades, porque você tem carteiras "duras", isto é, que não ficam armazenadas na internet. Você pode guardar elas em HDs ou msm anotar os endereços/senhas numa placa de metal pra não ter perigo de ser danificado.
18.08.2021 14:56
Tem um artigo bem interessante, que traz boas referências em seu corpo, mostrando que previdência privada não é necessariamente um bom negócio. Além de ter performance corroída pelas taxas e baixíssima liquidez, ele não gera estímulo econômico para produção de renda, isto é, acaba-se tendo que fazer saques periódicos do principal. Sendo esse o caso, as deferências fiscais não trazem vantagem, funciona como um investimento em fundo só que muito piorado.
Campani, Carlos Heitor, et al. "PLANOS PGBL E VGBL DE PREVIDÊNCIA PRIVADA: UMA ANÁLISE DO MERCADO BRASILEIRO." Sociedade, Contabilidade e Gestão 15.1 (2020): 122-141.
02.08.2021 14:29
Um questionamento: se investimentos internacionais (dolarizados) são amplamente acessíveis, com baixo custo, na forma de ETFs, por que investir em ativos ou fundos brasileiros? Porque os melhores fundos ativos do Brasil superam o Ibovespa, mas tomam uma surra gigantesca do S&P ao considerarmos o efeito do câmbio. Se você encara a indústria de fundos com um olhar global, teria uma mixaria de ativos brasileiros de renda variável, algo tipo 5% do portfólio total. Então por que investir aqui, e ainda mais focando na gestão ativa (que é bem mais cara)? Abraço e ótimo texto!
23.07.2021 13:17
Olá meu caro! Poderia disponibilizar esses estudos? Todos os que conheço apontam para um efeito bem pouco significante de estratégias de momentum (geração de alfa é bem pouco significante). Abs!
19.02.2021 11:52
Um ponto importante e que dificilmente é levantado, né! Realmente, quem está chegando agora precisa atentar para essas e outras questões, uma boa forma de balizar o fundo no qual se investirá, para além do tempo de existência do fundo, são as certificações. A mais popular é a Morningstar, que filtra bastante ruído, mas existem outras. Isso sem falar no que você mencionou, de avaliar a gestora em si. Boa dica!
07.01.2021 9:52
Pontual e correto como de costume, meu caro. O risco subjacente do Ibovespa segue sendo a falta de uma sustentação institucional estrangeira, que saiu em massa do país a partir de 2019. Com a taxa de juros descolada da nossa realidade internacional (prêmio de risco muito abaixo do que deveria ser), é natural que o dólar retome sua tendência de alta mesmo com o arrefecimento do apetite global de risco. Errou quem achou que a queda observada nas últimas semanas teve a ver com uma melhora do cenário nacional (incluindo-se aqui Paulo Guedes, que achou que o dólar já tinha feito o overshoot). A disparada no preço da moeda americana reflete não apenas uma forte demanda por hedge, mas também a saída de capital do país rumo a economias emergentes com condições mais atraentes e regimes políticos mais estáveis. Grande abraço!
17.11.2020 10:11
Obrigado, Liandra!
Há alguns meses venho desenvolvendo fundamentação teórica para isso, se tudo der certo ano que vem tenho alguma coisa mais concreta para apresentar. No caso das ações, trazendo a parte fundamental para dentro da parte técnica, o fundamental é atentar para a performance histórica na hora de selecionar quais irá operar. Por exemplo, evitando papéis que não componham índice e evitando ou se planejando para a volatilidade exercida por indicadores macro, relatórios financeiros, etc.
Grande abraço e obrigado pelo apoio!
17.11.2020 10:08
Airton, como comentei no artigo, aqui elas estão operando como um suplemento ao método fundamentalista, que ao meu ver deve ser também a metodologia para venda, pois estou considerando que você tinha comprado antes e não que está fazendo uma venda a descoberto (short sell, ganhando com a desvalorização.
O problema na ponta vendedora está na natureza das ações: elas se valorizam com o tempo (risco/retorno é enviesado para cima no longo prazo), o que pode vir a ser um "problema" se você pretende fazer operações a descoberto com base nela ou tentar vender pelo melhor preço possível na alta.
Daí que as bandas funcionem melhor, nesse caso, na ponta compradora, quando o preço cai muito abaixo da média histórica e tenda a se recuperar depois, salvo exceções (tendências de baixa são mais raras em ações, a médio/longo prazo). Essa é uma das razões para que eu, pessoalmente, não opere vendido em ações.
Grande abraço e bons investimentos!
13.11.2020 21:57
Obrigado meu caro! Estava preso com várias tarefas e acabei ficando um tempo sem escrever. Por aqui está tudo bem, espero que aí também. Um grande abraço!
13.11.2020 21:56
Kleiton, estive muito ocupado esse último mês e peço desculpa pela demora. Assim que tiver um tempo, solto essa última parte. Grande abraço!
11.09.2020 18:24
Josué, acabei de submeter a parte 2 para publicação. Só aguardar! Infelizmente, tive alguns problemas de saúde essa semana, e o texto ficou um pouco curto em relação ao que deveria ser. Abraço!
31.08.2020 9:48
Wesley, sugiro ter uma faixa de retorno pré-definida para esse tipo de operação, que de resto eu desaconselho pois o day trade tende a produzir resultados inconsistentes para a maior parte das pessoas. Por exemplo, sugiro algo entre 1.25 e 2 vezes o seu risco inicial, se está arriscando 100 reais pararia entre 125 e no máximo máximo 200 reais. Dessa forma você consegue manter alguma estabilidade em quanto vai ter de retorno ao longo de uma série mais longa de operações. Abraços.
25.06.2020 16:22
Perfeito, meu caro. Ao meu ver, o pilar que falta no mercado financeiro brasileiro é educacional: não marketing vestido de educação, vomitando falsas promessas. Educação focada no cliente que terá que navegar por entre os vários e vários agentes institucionais que querem se aproveitar da falta de conhecimento. Esse é um ponto que, talvez, as casas de pesquisa independentes possam começar a atuar: campanha de vacinação contra oportunistas do mercado.
21.05.2020 9:59
Infelizmente não se trata de um conflito entre os poderes, mas de um conflito entre o Executivo, sob a batuta de Jair Bolsonaro, e os outros poderes. Tem que ser muito inocente - coisa que investidores/as estrangeiros/as não são - para não perceber que a democracia brasileira está por um triz. Além disso, que a toxicidade do real é diretamente proporcional a toxicidade do presidente da República, eleito a pior liderança *do mundo* no que diz respeito a resposta ao coronavirus. Pra completar, a MP que na prática legaliza a grilagem na Amazônia e o notório desprezo pelo meio-ambiente deterioram a ja péssima imagem do Brasil no exterior. Tudo isso se refletirá na economia e Paulo Guedes, que ainda vive nos anos 80, pretende abrir ainda mais a economia brasileira para o exterior, ignorando que isso implica numa proporcional dependência do exterior para reanimar a economia nacional na medida em que o Estado se ausenta de modo cada vez mais cruel.
02.04.2020 17:06
Reflexão interessante, Sidnei. Minha única questão é: será que há espaço para uma retomada do câmbio até o patamar de R$4.50? Porque estamos falando de um desvio de cerca de 17% acima desse nível, com um volume considerável de negociação em regiões mais altas. No caso, qual o tempo que você projeta para um eventual retorno? Porque minha visão de médio prazo é um dólar estabilizado em cinco reais na mínima e sem topo definido nesse momento, considerando que o Brasil não tinha e agora tem menos ainda mostrado capacidade de recuperação econômica. Grande abraço!
29.11.2019 8:33
Sidnei, você nao acha que a mudança na taxa de juros e o total desinteresse estrangeiro em introduzir capital não-especulativo no país não refletem, na realidade, um descompasso entre a percepção do prêmio de risco adotada pelo governo e pelo mercado? Em outras palavras, aquilo que o governo enxerga para a economia doméstica não é o mesmo que o mercado estrangeiro enxerga, daí a total falta de interesse em investir capital qualificado no país, porque a taxa de juros não reflete mais o risco real do país (logo, o risco superou a recompensa potencial).
01.10.2019 9:18
O BC continuará refém dessa estratégia enquanto a raiz do problema permanecer, que é justamente o fluxo cambial negativo. Tudo indica que a guerra comercial entre China e EUA vai continuar, pelo menos, até 2020 (com uma eventual mudança de presidente); as economias desenvolvidas não dão sinal de saída do atoleiro em que se encontram. Logo dos dois um: ou o Brasil recupera a atratividade especulativa (o que implicaria um aumento na Selic, altamente improvável) ou a recuperação efetiva do cenário econômico (também improvável a curto prazo) conciliada a uma garantia de estabilidade institucional (também improvável). A não ser que o Governo se abra para um programa de investimento público (ainda que privilegiando o capital estrangeiro), não vejo (particularmente) fim para essas intervenções do BC.
30.09.2019 17:57
Por mais que a reforma seja um evento de grande impacto no mercado brasileiro, uma variação dessa ordem parece bem improvável, a não ser que o cenário externo abra espaço para tal. O Brasil por conta própria não é tão relevante quanto muitos analistas gostam de pensar. Além disso, a questão da reforma não toca diretamente naquilo que tem sido o motor da alta do dólar: a saída de capital especulativo do Brasil rumo a destinos mais atraentes e estáveis. Não canso de falar: estamos com uma economia claudicante, em meio a um cenário de desaceleramento global e as reformas não estão tendo o efeito que tinha sido alardeado, logo grandes investidores tendem a tirar investimentos do Brasil. O cenário mais provável, que é de aprovação da reforma, dificilmente será o bastante para trazer o dólar abaixo dos R$4 (até porque a reforma já foi precificada aqui e lá fora). Com quase 40 mil contratos futuros nos EUA apostando na alta do dólar, é bem improvável que a reforma mude mto o cenário cambial.