Por Michelle Nichols
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - Um acordo que permite a exportação segura de grãos e fertilizantes em tempo de guerra a partir dos portos ucranianos do Mar Negro ainda não retomou totalmente suas operações, disse a Organização das Nações Unidas nesta sexta-feira, tendo chegado a um impasse antes da decisão da Rússia na semana passada de estendê-lo.
Denominado de Iniciativa de Grãos do Mar Negro, o pacto foi mediado pelas Nações Unidas e pela Turquia em julho passado com Rússia e Ucrânia para tentar aliviar uma crise alimentar global agravada pela invasão de Moscou na Ucrânia. Ele abrange três portos, mas nenhum navio foi autorizado a viajar para o Porto de Pivdennyi (Yuzhny) desde 29 de abril, disse a ONU.
As Nações Unidas e a Turquia "estão trabalhando em estreita colaboração com o restante das partes com o objetivo de retomar as operações completas... e levantar todos os impedimentos que obstruem as operações e limitam o escopo da Iniciativa", disse a ONU em um comunicado.
A Ucrânia acusou a Rússia na terça-feira de cortar efetivamente o porto de Pivdennyi do acordo do Mar Negro, enquanto a Rússia reclamava que não tinha conseguido exportar amônia por meio de um duto para Pivdennyi sob o acordo.
A ONU disse nesta sexta-feira que o acordo do Mar Negro também prevê a exportação de fertilizantes, incluindo amônia, mas "não houve tal exportação até agora".
Inspeção baixa
Sob o acordo de exportação de grãos do Mar Negro, um Centro de Coordenação Conjunta (JCC) em Istambul --composto por funcionários da Ucrânia, Rússia, Turquia e da ONU-- autoriza navios e realiza inspeções de entrada e saída das embarcações.
"De acordo com informações compartilhadas pela delegação ucraniana com as partes no JCC, há 54 navios esperando para se deslocar para portos ucranianos. Destes, 11 pedidos foram compartilhados com o JCC para registro", disse a ONU.
Nenhum novo navio foi registrado na quinta-feira pelo JCC, mas dois foram acordados nesta sexta-feira, disse a ONU, acrescentando que atualmente existem 13 navios carregando em portos ucranianos --seis em Chornomorsk e sete em Odesa.
Ele também disse que o número médio de inspeções diárias de entrada e saída caiu para 3,2 em maio --o nível mais baixo desde o início das operações em agosto.
A Rússia sinalizou na quinta-feira que, se as demandas para melhorar suas exportações de grãos e fertilizantes não forem atendidas, não estenderá o acordo além de 17 de julho. O país fez a mesma ameaça e exigências em março, antes de concordar na semana passada em renová-lo por 60 dias.
(Reportagem de Michelle Nichols)