Rio de Janeiro, 24 fev (EFE).- Os bloqueios realizados por caminhoneiros em importantes rodovias do Brasil se estenderam nesta terça-feira a novas regiões do país, obrigaram algumas empresas a suspenderem suas entregas e já ameaçam o abastecimento de alimentos e combustíveis em algumas cidades.
O protesto contra o aumento no preço dos combustíveis e os baixos valores dos fretes foi iniciado pelos caminhoneiros na sexta-feira, na segunda chegou a seis estados e hoje se estendeu para outros três.
Segundo o último balanço da Polícia Rodoviária Federal, os caminhoneiros tinham bloqueado total ou parcialmente até a tarde de hoje 69 trechos de 24 estradas federais em nove estados.
Em 66 dos trechos bloqueados o trânsito está interrompido nos dois sentidos da via.
Um dos bloqueios instalados hoje, no quilômetro 64 da rodovia Anchieta, interrompeu o acesso ao porto de Santos, o maior do país e a principal porta para as exportações brasileiras.
Os estados mais afetados são os do sul e do centro-oeste, principalmente Santa Catarina, com 17 bloqueios; Rio Grande do Sul (15) e Paraná (14), mas os protestos também se estendem a São Paulo e Minas Gerais.
Várias empresas, principalmente de carnes, leite e outros alimentos suspenderam seus envios e até as exportações diante da possibilidade de perderem seus produtos.
O protesto ameaça o abastecimento de combustíveis e alimentos em cidades do sul, que ficaram praticamente isoladas.
A PRF, em negociações com os manifestantes, conseguiu autorização provisoriamente para a passagem de veículos particulares, ambulâncias e ônibus, mas não de caminhões.
O governo, por intermédio da Advocacia Geral da União (AGU), anunciou que apresentou ações na justiça para exigir a imediata suspensão dos bloqueios em todo o país.
Um juiz do estado do Rio Grande do Sul foi o primeiro a responder ao pedido do governo e ordenou o desbloqueio de três estradas nessa região, mas os caminhoneiros não tinham acatado a ordem até a tarde desta terça-feira apesar da ameaça de multas.
A situação foi debatida hoje em reunião entre os ministros de Justiça, José Eduardo Cardozo, Transportes, Antônio Carlos Rodríguez, da Secretaria-Geral da presidência, Miguel Rossetto, e o titular da AGU, Luis Inácio Adams.
Segundo fontes oficiais, os ministros decidiram escutar as reivindicações dos sindicatos de caminhoneiros e as queixas das empresas de transporte antes de determinar qualquer tipo de ação.
A Confederação Nacional de Transportes Autônomos (CNTA), uma das entidades que representa os caminhoneiros, alegou que o "transporte de estradas vive uma situação difícil" e chamou todos os sindicatos a se organizarem para buscarem juntos soluções.
A CNTA quer negociar algumas de suas reivindicações com o governo, principalmente a redução dos preços dos combustíveis.
O preço da gasolina e do diesel no Brasil é controlado pelo governo, que nos últimos meses autorizou aumentos apesar da queda da cotação do petróleo no mercado internacional, para ajudar a Petrobras, que está em uma grave crise e tem problemas de fluxo de caixa.