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Brics não pretende destruir o dólar com nova moeda, diz economista

Publicado 30.12.2024, 06:00
© Reuters Brics não pretende destruir o dólar com nova moeda, diz economista
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Ex-diretor do FMI (Fundo Monetário Internacional), Paulo Nogueira Batista Jr. diz que o objetivo do Brics com a criação de uma moeda de referência para substituir o dólar na comercialização entre os países que integram o grupo não é o de “destruir” a moeda norte-americana. O economista afirma ter conversado com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, sobre o tema, durante um seminário no país em novembro.

“Ele [Putin] disse: ‘Olha, nós não somos contra o dólar’. Ele foi bem cauteloso. ‘O dólar é que é contra nós’. Então, o Brics não está querendo minar os Estados Unidos. Não estão querendo destruir o dólar, porque não vai ser possível, nem é do nosso interesse. É construir outro sistema paralelo, independente e imune às sanções”, declarou o economista ao Poder360.

Segundo Nogueira, a percepção no bloco formado inicialmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul é de que não há um sistema mais seguro no Ocidente para as transações.

O economista diz que a ideia é que se crie antes uma unidade de conta. “Seria uma cesta de moedas do Brics, outros países participantes, com os pesos refletindo a participação desse país no PIB do grupo. Então, teria renminbi, teria real, teria rublo, etc. E seria uma unidade de conta que se converteria em uma moeda de referência no momento apropriado. É um pouco como a URV e o Real, mal comparando”, declara.

Paulo Nogueira também afirma ser possível haver a adesão à proposta russa de um sistema de pagamento alternativo. Contudo, declara ser difícil formar consenso para avançar no curto prazo.

AMEAÇA DE TRUMP

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump (republicano), ameaçou taxar em 100% os produtos de países do Brics, caso a ideia de uma moeda alternativa ao dólar avance.

“A verdade é que o Trump é muito propenso a bravatas, mas ele, ao falar isso, está refletindo uma preocupação do ‘establishment’ americano. Os americanos não querem perder o privilégio que lhes confere serem emissores da principal moeda de liquidez internacional. Esse é um privilégio que eles conquistaram no século 20 e querem reter”, avalia.

Segundo ele, “o paradoxo é que o principal adversário do dólar são os Estados Unidos. Os americanos minaram a confiança no dólar ao usá-lo como instrumento de sanção política. Então, se os americanos quisessem preservar a confiança no dólar, eles teriam que evitar esse extremo”.

Assista à entrevista na íntegra (33min50s):

O economista diz que a declaração de Trump tem um efeito ambíguo por “desafiar os brios” dos países do Brics. Contudo, reconhece que isso pode atrapalhar os planos.

“Em todos os países do Brics, inclusive aqui no Brasil, tem gente muito ligada aos Estados Unidos. Tem gente que se assusta com esse tipo de coisa também. Eu quero ver como é que o governo brasileiro vai reagir diante disso, porque na realidade o Brasil vem liderando e sendo um dos principais países ativos nessa discussão dentro do Brics. O presidente Lula falou publicamente nisso”, declara.

Em 2025, o Brasil assume a presidência do Brics.

QUEM É PAULO NOGUEIRA

O economista Paulo Nogueira Batista Jr., 69 anos, nasceu no Rio. Foi vice-presidente do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento, na sigla em inglês), o Banco dos Brics, de 2015 a 2017. Também foi diretor-executivo no FMI pelo Brasil e mais 10 países em Washington D.C., de 2007 a 2015. Publicou pela editora Contracorrente o livro “Estilhaços”, que reúne contos e crônicas, em 2024.

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