BRASÍLIA (Reuters) - As notícias sobre as repercussões das queimadas na Amazônia preocupam, mas o agronegócio não pode ser culpado pelo problema, assim como eventuais barreiras comerciais aos produtos agrícolas brasileiros não se justificariam, disse nesta sexta-feira a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
"Vamos para ação, vamos ver quem está queimando, vamos punir quem precisa ser punido, quem está fazendo a coisa errada. Mas não podemos dizer que, porque neste momento nós temos um incêndio acontecendo ou uma queimada acontecendo na Amazônia, que o agronegócio brasileiro é o grande destruidor..." disse Tereza a jornalistas, ao ser questionada após evento no ministério.
Segundo ela, dessa forma, eventuais barreiras comerciais contra os produtos agrícolas do Brasil não se justificariam.
Nesta sexta-feira, a Finlândia pediu que a União Europeia avalie a possibilidade de banir a carne bovina brasileira, devido às notícias de queimadas. De outro lado, o gabinete do presidente francês, Emmanuel Macron, disse também nesta sexta-feira que vai se opor ao acordo UE-Mercosul, posição semelhante à da Irlanda, na esteira das notícias relacionadas à Amazônia.
O setor do agronegócio é um dos mais importantes da economia do país, respondendo por grande parte das exportações brasileiras.
A ministra destacou ações do governo que serão tomadas para combater as queimadas.
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira que a "tendência" é editar um decreto de garantia da lei e da ordem (GLO) para enviar militares das Forças Armadas para combaterem queimadas na Amazônia e o comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, aproveitou cerimônia em Brasília ao lado de Bolsonaro para alertar "incautos" e dizer que a força está pronta para defender a floresta.
"Também tem uma parte ideológica, que eu acho que a gente precisa separar. E nós brasileiros temos a obrigação de defender o Brasil", ressaltou Tereza.
"Acho que a gente tem que baixar a temperatura. A Amazônia é importante, o Brasil sabe disso, o Brasil cuida da Amazônia."
A ministra lembrou que queimadas no Brasil acontecem todos os anos, especialmente em período de seca.
"Uma coisa é queimada, outra coisa é incêndio, tem que se fazer uma diferença entre esses dois acontecimentos. Estamos vivendo uma seca grande que todo ano acontece... Este ano está mais seco e as queimadas estão maiores. Acho que precisavam saber do Brasil o que está acontecendo antes de tomar qualquer tipo de medida", declarou ela, lembrando de incêndios em outras partes do mundo devido ao tempo seco.
(Por Isabel Versiani)