Por Ana Mano e José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - Condições climáticas desfavoráveis levaram a AgRural a reduzir novamente nesta segunda-feira sua previsão para a segunda safra de milho no centro-sul do Brasil, desta vez para 57,2 milhões de toneladas, ante 59,9 milhões na estimativa anterior, de abril.
Caso se confirme, o volume previsto pela consultoria representaria queda de cerca de 10 por cento na comparação com 2017, quando o centro-sul colheu um recorde de 63,5 milhões de toneladas na chamada "safrinha".
A segunda safra do milho, em fase final de desenvolvimento antes da colheita, tem sido prejudicada pela falta de chuvas em algumas áreas do país, o que deve impactar o rendimento das lavouras.
"A expectativa de produtividade menor na safrinha 2018 deve-se às chuvas abaixo do normal registradas em abril em parte do centro-sul do Brasil --com destaque para Paraná e Mato Grosso do Sul-- e às previsões de tempo seco na primeira quinzena de maio", destacou a AgRural, em relatório.
Nos últimos 30 dias, choveu até 140 milímetros abaixo do média em alguma regiões do Paraná, segundo maior produtor nacional, de acordo com o Agriculture Weather Dashboard, do terminal Eikon da Thomson Reuters.
Em Mato Grosso, líder em produção, as precipitações ficaram entre 60 e 70 milímetros aquém do esperado para esta época do ano.
E para as próximas duas semanas as perspectivas também inspiram atenção. Pela previsão do Agriculture Weather Dashboard, as chuvas devem até voltar, mas ainda ficarão abaixo do normal em partes de Paraná e Mato Grosso do Sul.
"Um sistema de alta pressão está avançando sobre a região central do Brasil e será responsável por enfraquecer e até mesmo anular o bloqueio atmosférico que está mantendo o tempo aberto e sem chuvas... (mas) não terá forças suficientes para provocar chuvas generalizadas nas principais regiões produtoras de milho safrinha, cana-de-açúcar e café", avaliou o agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, da Rural Clima.
Outro fator citado pela AgRural para um recuo na produção é a menor área plantada neste ciclo no centro-sul, de 10,3 milhões hectares, ou 5,2 por cento menos na comparação anual.
Considerando-se o Norte/Nordeste e a primeira safra, em fase final de colheita, o Brasil deve produzir neste ano 87,6 milhões de toneladas de milho, queda de cerca de 10 milhões de toneladas ante a histórica safra do ano passado, disse a AgRural.
SOJA
Quanto à soja, também com a colheita praticamente encerrada, a AgRural revisou levemente para cima sua projeção de produção em 2017/18 no Brasil, para 119,2 milhões de toneladas, ante 119 milhões na estimativa anterior.
O novo recorde para o maior exportador mundial da oleaginosa, ante 114,1 milhões de toneladas em 2016/17, leva em conta uma produtividade média de 57,2 sacas por hectare.