(Reuters) -O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou nesta quarta-feira, em visita de comitiva do governo federal a Manaus, que não faltarão recursos para o enfrentamento da seca que afeta a região amazônica, e reiterou que o fornecimento de energia está garantido à população local.
Alckmin também disse que agricultores ligados ao Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) serão recompensados de forma integral em caso de perda de sua produção, e que o pagamento do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) será antecipado para 19 de outubro nos municípios em situação de emergência.
"Não faltarão recursos. O que tiver de necessidade, vão encaminhando para a gente poder, dentro da lei, liberar os recursos o mais rápido possível e atender a população", disse Alckmin a jornalistas ao lado de ministros.
"A energia está garantida na região. Foi feito um trabalho com antecedência de reserva de combustível e óleo diesel. Mesmo com a paralisação da usina de Santo Antônio, está garantida a energia", declarou, acrescentando que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) fará reunião na noite desta quarta-feira para avaliar a necessidade de contratação de termelétricas para a região.
Encarregado de coordenar a comitiva de ministros que viajou a Manaus nesta quarta-feira, o vice-presidente anunciou que já foi dada a ordem de serviço para a dragagem em trecho do Rio Solimões e que áreas do governo já trabalham para contratar em cerca de 15 dias o serviço de dragagem do Rio Madeira. Também serão feitos estudos para a avaliação de outros pontos que necessitem de intervenções para garantir a navegabilidade.
Os rios são importantes vias de transporte na região amazônica, razão pela qual é necessário o processo de dragagem.
Alckmin informou que os ministérios da Pesca e Aquicultura e do Meio Ambiente e Mudança Climática trabalham para adiantar o pagamento do seguro defeso aos pescadores, que seria originalmente liberado apenas em novembro.
Aproveitou, ainda, para destacar a atuação do Ministério da Defesa, que por meio do Exército atuou no combate a incêndios ao lado de 191 brigadistas deslocados pelo Ministério do Meio Ambiente para a região. Também citou a atuação do Ministério da Saúde, que encaminhou kits medicamentos e profissionais do programa Mais Médicos para a região.
O vice-presidente pediu que as prefeituras encaminhem o quanto antes seus planos de trabalho ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional para que recursos possam ser liberados o mais rápido possível.
A seca no Amazonas é uma das piores registradas nos últimos anos e tem provocado a morte de peixes e outros animais, como os botos, e o desabastecimento em cidades da região.
MUDANÇA CLIMÁTICA
A ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, citou a estiagem que atinge fortemente a Região Norte do país como exemplo das consequências da mudança climática, e defendeu que sejam tomadas atitudes para impedir o avanço do problema.
"O negacionismo é um problema. Não adianta negar o problema da mudança climática. Ela existe e está nos afetando", afirmou.
"Nós estamos vivendo dois fenômenos: o cruzamento do El Niño, que é um fenômeno natural, com a mudança do clima de forma descontrolada com o aquecimento do Atlântico Norte", afirmou a ministra em coletiva de imprensa após a visita da comitiva a regiões atingidas pela estiagem.
"O cruzamento desses dois fenômenos fez com que começássemos o ano com enchentes aqui no Amazonas e no Acre, secas terríveis no Rio Grande do Sul. Nós estamos terminando o ano com seca terrível no Amazonas, no Acre e Rondônia, e enchentes terríveis no Rio Grande do Sul", acrescentou.
(Por Maria Carolina Marcello, em Brasília e Fernando Cardoso, em São PauloEdição de Pedro Fonseca)