TÓQUIO (Reuters) - A alta nos preços do carvão vai provavelmente fazer as duas maiores produtoras de aço do Japão descumprirem metas de resultado neste ano fiscal, mas vai ajudar os fornecedores do insumo como a Mitsubishi Corp, afirmam analistas.
Lucros menores que os esperados por parte de Nippon Steel & Sumitomo Metal e JFE Holdings, que já enfrentam uma valorização do iene, podem adicionar pressão para que as usinas aumentem os preços de seus produtos.
Os preços do carvão premium na Austrália, que domina as exportações globais, superaram nesta semana os 245 dólares por tonelada. Isso leva o rali até agora neste ano a mais de 200 por cento, depois que a China agiu para cortar excesso de capacidade no setor de carvão.
Cinco analistas nos últimos 30 dias reduziram estimativas para lucro recorrente da Nippon Steel, uma das principais sócias da brasileira Usiminas (SA:USIM5), para o ano até 31 de março em 36 por cento em média. Para a JFE, o corte foi de 49 por cento, segundo dados da Thomson Reuters I/B/E/S.
"As margens no semestre fiscal de outubro a março serão espremidas pois os custos com matérias-primas vai subir cerca de 4 mil ienes (38,30 dólares) por tonelada sobre um ano antes", disse Shuhei Nakamura, analista do Goldman Sachs.
Para compensar o aumento nos custos, a Nippon Steel informou que está buscando aumento de preços de 10 mil ienes por tonelada no segundo semestre fiscal sobre um ano antes.
Mas analistas, incluindo Atsushi Yamaguchi, da SMBC Nikko Securities, acreditam que as siderúrgicas não podem passar todo o peso do aumento de custos para os clientes.
"Há excesso de oferta de aço no mundo. Os preços só vão subir empurrados por custos, não pela demanda. Historicamente as siderúrgicas perdem dinheiro sob tais condições", afirmou Atsushi.
(Por Yuka Obayashi)