Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) -A exportação de milho do Brasil foi estimada nesta quarta-feira em 6,86 milhões de toneladas em dezembro, redução de quase 6% ante o mesmo mês em 2022, apesar de o país contar com a oferta de uma safra recorde e a demanda adicional da China em 2023, estimou a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
A queda esperada para os volumes de milho em dezembro acontece após uma baixa nos rios amazônicos devido à seca nos últimos meses do ano, o que levou exportadores a transferirem cargas para o porto de Santos, em alguns casos.
Os canais portuários do Norte têm sido importantes nos últimos anos para o país escoar a produção de grãos brasileira no segundo semestre, quando o Brasil exporta maiores volumes conjugados de soja e milho.
Mas em 2023 uma seca mais acentuada na Amazônia gerou transtornos --reduzindo o volume transportado pelas barcaças no rio Tapajos--, os quais na visão da associação não interferiram nas projeções de recordes de exportações no ano.
"É possível que tenha ocorrido algum contratempo pontual de um ou outro exportador. Todavia, é importante destacar que não é possível quantificar esse problema e que os totais estimados para as exportações de soja e milho foram crescentes ao longo do ano, sem ter tido redução quando a seca afetou alguns dos rios do Norte", disse o diretor-geral da Anec, Sérgio Mendes, ao ser questionado se o volume poderia ter sido maior, não fosse a seca.
Ele destacou que, pela primeira vez, foi batido um recorde simultâneo para os embarques de soja e milho, em meio a uma safra recorde. "A previsão é que a gente feche este ano ultrapassando os recordes anteriores destes grãos em 25 milhões de toneladas, sendo 14 milhões de toneladas a mais para soja e 11 milhões de toneladas a mais para o milho", pontuou.
A Anec projetou que o Brasil poderá fechar o ano com embarques recordes de cerca de 56 milhões de toneladas de milho em 2023, ante 44,7 milhões de toneladas em todo o ano passado, com impulso da demanda da China e de uma safra recorde.
"A China se destaca como um grande mercado este ano, sendo responsável por 31% do volume total de janeiro a novembro, o que representa cerca de 15,4 milhões de toneladas", disse a Anec.
O país asiático começou a comprar milho do Brasil em volumes relevantes ao final do ano passado, após a assinatura de um acordo.
Já a exportação de soja do Brasil deve alcançar 3,58 milhões de toneladas em dezembro, contra 1,52 milhão no mesmo mês em 2022, segundo a Anec, com o Brasil contando com maiores estoques após uma safra recorde para manter os embarques fortes até o final do ano.
A exportação de soja brasileira 2023 foi estimada em recorde de 101,18 milhões de toneladas, ante 77,8 milhões em 2022, estimou a Anec. O volume projetado para este ano supera a máxima anterior registrada em 2021, de 86,6 milhões de toneladas, segundo dados da Anec.
A Anec destacou em boletim que a China também foi importante para a obtenção do recorde na soja, citando que o país asiático foi responsável por importar 74% do total, de janeiro a novembro, ou 72,6 milhões de toneladas.
No caso do farelo de soja, os volumes exportados também têm sido volumosos, com a Anec projetando 22,3 milhões de toneladas no ano, sendo 2 milhões de toneladas em dezembro, versus 1,3 milhão do mesmo mês do ano passado.
Já a exportação de trigo brasileiro voltou a apresentar alguns volumes mais relevantes em novembro e dezembro, mas ainda assim a expectativa é de fechar o ano com queda de cerca de 900 mil toneladas ante 2022, quando o país embarcou históricas 3,2 milhões de toneladas.
(Por Roberto Samora, com reportagem adicional de Gabriel Araujo e Ana Mano; edição de Marta Nogueira)