Setembro e a aversão ao risco: Um novo olhar sobre a máxima do "Sell in May"

Publicado 01.09.2025, 10:49

Tradicionalmente, a velha máxima do mercado financeiro “Sell in May and Go Away” sugere que o investidor deveria se afastar da bolsa entre maio e outubro, período historicamente mais fraco para os ativos de risco. No entanto, ao analisarmos o contexto brasileiro — especialmente o comportamento do Ibovespa e o fluxo de capital estrangeiro nos últimos anos —, surge uma leitura diferente e até mais conservadora: é a partir de setembro que a aversão ao risco se intensifica.

Setembro: o mês em que a incerteza amadurece (dicotomia que desfavorece a teoria)

Ao contrário do que sugere a ideia de retorno ao mercado logo após o inverno financeiro de maio a agosto, setembro marca, com frequência, a consolidação de incertezas que já vinham sendo gestadas ao longo do ano.

No Brasil, setembro costuma ser um mês particularmente sensível. É quando o mercado começa a projetar com mais clareza os rumos fiscais do governo, as expectativas para o orçamento do ano seguinte e os desdobramentos políticos que se intensificam com a proximidade do fim do calendário legislativo. No cenário internacional, setembro também costuma trazer instabilidade, com decisões monetárias nos EUA, tensões geopolíticas e movimentos de realocação dos grandes fundos globais.

Ibovespa: desempenho fraco e recorrente em setembro

Nos últimos cinco anos, o desempenho do Ibovespa em setembro tem sido, na maioria das vezes, negativo ou fraco. Em setembro de 2024, por exemplo, o principal índice da bolsa brasileira caiu mais de 3%. É uma queda expressiva e sintomática, pois ocorre justamente num momento em que, em teoria, o investidor estaria retornando ao mercado após o "Sell in May".

Essa fragilidade dos ativos em setembro reforça a tese de que o ambiente, longe de se mostrar mais otimista, se torna ainda mais cauteloso.

Fluxo estrangeiro: um termômetro da confiança

Outro indicativo importante é o comportamento do investidor estrangeiro. Em setembro de 2024, houve saída líquida de mais de R$1,6 bilhão da B3, um movimento que mostra desconfiança em relação ao Brasil naquele momento. E isso não foi um caso isolado — setembro tem sido, com frequência, um mês de retirada de capital estrangeiro da bolsa, o que pressiona ainda mais os ativos locais e aumenta a percepção de risco.

Mesmo em 2025, após um primeiro semestre bastante positivo para a entrada de recursos internacionais, o fluxo já começou a dar sinais de reversão em julho. Se esse movimento se confirmar nos próximos meses, setembro pode novamente ser um ponto de inflexão — não de retorno do investidor, mas de reforço da cautela.

Setembro exige mais atenção, não menos

Diante desse cenário, é preciso reavaliar o uso automático de máximas de mercado. A ideia de que setembro marca o fim da “estação ruim” e o início de um novo ciclo de alta pode não se aplicar ao contexto brasileiro recente. Pelo contrário: setembro tem representado o auge da aversão ao risco, um momento em que os desafios se tornam mais claros, a liquidez diminui e os investidores adotam uma postura defensiva.

Portanto, longe de ser um mês de entrada ousada na Bolsa, setembro pode ser o momento ideal para reforçar a disciplina, reavaliar a carteira e esperar sinais mais claros antes de se expor novamente ao risco.

Conclusão

Sejamos - sempre - muito seletivos! Porém, jamais esqueçam: "quando o CDI está acima de 15% ao ano, é sinal de que a bolsa está barata". Há oportunidades gritantes (descontadas) no mercado que não veremos mais. Coragem, investidor! Ah... aproveite o final de semana. Divirta-se, sempre que possível! 

Forte abraço e bons trades!

 

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