SÃO PAULO (Reuters) - A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) recomendou ao governo que não aumente o teor de biodiesel no diesel para 15 por cento, uma meta prevista para 2023, o que causou protestos da indústria do biocombustível.
Em nota nesta sexta-feira, a Anfavea afirmou que testes mostraram que, caso o governo decida aumentar o teor de biodiesel para aquele nível, os veículos poderão apresentar danos ambientais, aumento de custo operacional para o transportador e impactos para a segurança do veículo.
"Principalmente para a frota em circulação que não está adaptada para o novo teor de biodiesel", acrescentou a Anfavea, citando entre os problemas que seriam causados o entupimento de filtros e injetores, aumento do consumo de combustível, desgaste dos componentes metálicos do motor, entre outros.
A Anfavea disse que seguiu prazos acordados com o ministério, que estipulou a data de 1º de março para entrega do relatório final sobre a avaliação do aumento da mistura, mas destacou o curto tempo disponível, "o que dificulta ensaios mais complexos de longa duração".
A Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio) afirmou em nota, após reunião no Ministério de Minas e Energia na véspera, que considera "lamentável" o que chamou de descumprimento de prazos acordados para viabilizar o uso da mistura B15.
Segundo a entidade, o biodiesel apresenta uma série de vantagens e benefícios econômicos, ambientais e sociais em comparação ao equivalente derivado de petróleo.
A Aprobio lembrou que, conforme legislação, está prevista a apresentação de um relatório consolidado dos resultados em 1º de março, para validação do aumento da mistura de biodiesel e aplicação de um cronograma anual de incremento a partir de junho de 2019.
"Tal prazo encontra-se ameaçado por um impasse provocado pelas fabricantes de veículos automotores", ressaltou a Aprobio.
A previsão é de aumento da mistura de biodiesel de 10 para 11 por cento no Brasil a partir de junho.
O aumento da mistura deve elevar a demanda por óleo de soja para a produção do biodiesel no país, o maior exportador global da oleaginosa.
Atualmente, cerca de 80 por cento do biocombustível no Brasil é fabricado a partir do derivado de soja.
A evolução da mistura, no entanto, está condicionada à conclusão e resultados de testes determinados, disse o ministério anteriormente.
(Por Roberto Samora)