RIO DE JANEIRO (Reuters) - O mercado de combustíveis terá uma retomada em 2019 no Brasil, após ficar praticamente estagnado em 2018, disse o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, nesta terça-feira.
Ao apresentar um balanço do mercado, ele disse acreditar que o mercado de combustíveis terá um crescimento um pouco acima do PIB projetado para 2019.
Pela pesquisa Focus, do Banco Central, o PIB crescerá 2,48 pr cento em 2019.[nL1N20D075]
"A estagnação do mercado nos últimos anos tem uma causa direta que é a situação da nossa economia", disse Oddone a jornalistas.
O mercado de combustíveis teve expansão de 0,025 por cento em 2018, segundo a ANP.
Mas Oddone apontou que nos últimos anos, em vários momentos, os preços de combustíveis ficaram no país "muito acima do mercado internacional", afetando o consumo.
"Tivemos recessão forte na economia e isso se refletiu na demanda. Mas os preços de 2015 e 2017 estavam acima do mercado internacional, e ainda houve aumento de margens e impostos no país", declarou o diretor-geral.
Com efeito, Oddone disse esperar que o trabalho da ANP, em busca de maior "transparência" de preços no mercado, também deve colaborar para o aumento da demanda em 2019.
"Percebemos que os níveis de alinhamento dos preços dos derivados em relação aos mercados internacionais estão mais próximos. Isso é um fator para ajudar a retomada do consumo esse ano", concluiu o diretor-geral, sem fazer comentários específicos sobre qual combustível puxaria o consumo este ano.
DIESEL E ETANOL
Em entrevista à Reuters, o diretor da ANP Aurélio Amaral avaliou que o consumo de diesel deverá ter um desempenho melhor, na medida em que há indicações de melhor desempenho da economia.
"O mercado é muito alinhado com o PIB, em especial o diesel, que sempre cresce acima do PIB quando a economia cresce, dado a nossa matriz de transporte, que é em sua maioria feita pelo modal rodoviário", comentou.
O diesel, combustível mais consumido do país, registrou crescimento de cerca de 1,4 por cento em 2018 ante 2017, segundo dados da ANP, enquanto a demanda por gasolina caiu 13,1 por cento, em meio à maior competitividade do etanol hidratado, cujo consumo disparou 42,1 por cento.
Para Amaral, o etanol voltará a ter um papel importante no mercado em 2019, com uma menor produção do combustível de cana sendo compensada pelo incremento da fabricação de etanol de milho, cujo volume é relativamente pequeno, mas está se expandindo no país.
(Por Rodrigo Viga Gaier)