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Ibovespa perde os 119 mil pontos e fecha em mínima em mais de um ano

Publicado 03.01.2025, 18:09
Atualizado 03.01.2025, 19:00
© Reuters. Mulher passa em frente a painel eletrônico com índices de mercado na B3, em São Paulon05/08/2024nREUTERS/Carla Carniel

Por Patricia Vilas Boas

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa contrariou o sinal positivo em Wall Street e recuou mais de 1% nesta sexta-feira, fechando em uma mínima de mais de um ano e consolidando seu quarto declínio semanal consecutivo, ainda sob o pessimismo do mercado com o quadro fiscal da economia brasileira e os juros altos.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa perdeu 1,33%, a 118.532,68 pontos, menor patamar de fechamento desde 6 de novembro de 2023.

No pior momento da sessão, marcou 118.403,56 pontos. No melhor, foi a 120.355,51 pontos.

O indicador acumulou queda semanal de 1,44%, com os volumes de negociação ainda baixos em semana útil reduzida devido ao feriado de Ano Novo.

O volume financeiro no pregão somou 20,48 bilhões de reais, abaixo da média diária de 24 bilhões de reais de 2024.

"Ainda há uma insegurança com relação as questões fiscais", resumiu o sócio-fundador da Ciano Investimentos, Lucas Sigu Souza, que mencionou também o rebaixamento do Brasil de "neutra" para "underweight" pelo HSBC Global Research.

Os analistas do banco estrangeiro disseram que o mercado brasileiro é uma situação clássica de "armadilha de valor" -- isto é, quando um ativo parece estar subvalorizado, mas continua a ter um desempenho ruim no longo prazo.

"O mercado já tem apresentado performance significativamente inferior, e embora os valuations pareçam baratos, vemos poucas razões para isso mudar", afirmaram em relatório na véspera.

Pairando sobre as incertezas domésticas, dúvidas sobre o crescimento econômico da China, segunda maior economia do mundo, também pesaram sobre setores com exposição ao país asiático, como mineração.

Investidores têm se preocupado com a economia chinesa e com a iminência de uma guerra comercial com os Estados Unidos antes da posse presidencial de Donald Trump em 20 de janeiro.

A China tem buscado fomentar seu crescimento, e anunciou mais cedo que aumentará drasticamente o financiamento de títulos do tesouro ultralongos em 2025 para estimular o investimento empresarial e as iniciativas de estímulo ao consumidor, conforme o retorno de Trump à Casa Branca se aproxima.

Durante sua campanha e mesmo após a reeleição, o republicano tem indicado que adotará maior protecionismo, com a promessa de tarifas sobre produtos de países como China, México e Canadá.

Em Nova York, os prinicpais índices acionários fecharam em alta, com o Dow Jones subindo 0,80%, o S&P 500 avançando 1,26% e o Nasdaq em alta de 1,77%.

Na próxima semana, estarão no radar do mercado os dados de inflação e atividade no Brasil, além de uma série de indicadores do mercado de trabalho norte-americano e a ata da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), do Federal Reserve.

DESTAQUES

- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) caiu 1,06%, na contramão do avanço dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou com alta de 0,76%. A estatal informou na quinta-feira que elevou em aproximadamente 7% o preço médio do querosene de aviação (QAV) que será vendido a distribuidoras em janeiro, em praças como Guarulhos (SP), Betim (MG) e Duque de Caxias (RJ).

- VALE ON (BVMF:VALE3) perdeu 1,86%, tendo como pano de fundo a baixa dos contratos futuros do minério de ferro na China, com alguns traders liquidando posições compradas da commodity devido à demanda fraca depois que a maioria das siderúrgicas da China concluiu o reabastecimento de matérias-primas antes de feriado. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com queda de 2,18%, a 764 iuanes (104,66 dólares) a tonelada. No setor, USIMINAS PNA (BVMF:USIM5) caiu 6,01% e CSN MINERAÇÃO ON (BVMF:CMIN3) desvalorizou-se 3,17%.

© Reuters. Mulher passa em frente a painel eletrônico com índices de mercado na B3, em São Paulo
05/08/2024
REUTERS/Carla Carniel

- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) fechou em queda de 2,45%, entre as principais contribuições de baixa para o índice, ao lado das blue chips Vale e Petrobras, enquanto BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) cedeu 1,62%, SANTANDER BRASIL UNIT (BVMF:SANB11) teve baixa de 1,39% e BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3) recuou 0,75%.

- ENEVA ON (BVMF:ENEV3) subiu 5,45%, após forte queda na véspera em meio à divulgação de regras pelo Ministério de Minas e Energia para a realização de um leilão de energia, algumas das quais impediriam a companhia de tentar recontratar certas usinas. Analistas do BTG Pactual (BVMF:BPAC11) consideraram a reação da ação desproporcional e disseram que há uma oportunidade de negociação muito assimétrica sobre o papel.

- AZUL PN (BVMF:AZUL4) subiu 3,02%, acumulando na semana valorização de 11,61%. No setor, GOL (BVMF:GOLL4) PN, que não pertence ao Ibovespa, avançou 0,73%, marcando alta semanal de 7,81%. As duas companhias aéreas chegaram a acordo com o governo para reduzir suas dívidas com a União em cerca de 5,8 bilhões de reais no total, permitindo que o pagamento seja feito em até 120 parcelas.

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