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Após a divulgação do balanço do segundo trimestre na última quinta-feira, as ações da Trade Desk (BVMF:T2TD34) (NASDAQ:TTD) despencaram 38,5% na semana, repetindo a forte queda de fevereiro. Diante desse movimento, os ETFs da ARK, de Cathie Wood, aproveitaram para comprar pouco mais de 738 mil ações da empresa de publicidade no dia seguinte.
O ARK Innovation (NYSE:ARKK) adicionou 535.292 ações, enquanto o ARK Next Generation Internet ETF comprou 203.075 papéis. Essas operações representam a sétima aquisição consecutiva de TTD desde o início de novembro de 2024 (sexta para o ARKK), elevando a participação combinada nos dois fundos para US$ 113,54 milhões.
A Tesla (NASDAQ:TSLA) continua sendo a principal posição em ARKK e ARKW, com pesos de 10,56% e 7,94% das carteiras, respectivamente. Desde sua criação, o ARKW acumula retorno de 807,40% e o ARKK de 286,53%. Porém, com as ações da TTD caindo quase 43% em um ano, e após dois balanços seguidos com reação negativa, a dúvida é se investidores deveriam seguir a estratégia desses ETFs de gestão ativa.
O modelo de negócios da Trade Desk
A The Trade Desk atua como uma plataforma de leilões em tempo real para compra de espaços publicitários. Por meio de uma abordagem omnichannel, que inclui mídia display, mobile, vídeo, áudio e digital out-of-home (DOOH), clientes utilizam a plataforma para lançar, segmentar e otimizar campanhas. A receita vem de uma taxa percentual sobre o valor investido em publicidade.
No jargão do setor, trata-se de uma “demand-side platform” (DSP), já que concentra em uma única interface as cotações de anúncios de diversas redes. A empresa também emprega aprendizado de máquina para analisar dados demográficos, interesses e comportamento, definindo o uso mais eficiente do inventário publicitário dos clientes.
Embora o conceito de DSP seja bastante útil, há concorrência relevante: Amazon (NASDAQ:AMZN) Ads e Google (NASDAQ:GOOGL) Marketing Platform oferecem alternativas mais integradas a seus vastos ecossistemas, além do Adobe (NASDAQ:ADBE) Advertising Cloud, incluído no pacote de ferramentas de edição da empresa.
Mesmo após encerrar, no fim de 2024, o Amazon Ad Server (rebatizado após a aquisição da Sizmek), a gigante ampliou as vendas de publicidade no Prime Video e firmou, em junho, parceria exclusiva com a Roku (NASDAQ:ROKU) para anúncios em TV conectada (CTV). Na teleconferência de resultados, o CEO da The Trade Desk, Jeff Green, mencionou a Amazon duas vezes, em especial ao criticar os “walled gardens” e a forma como medem seu próprio desempenho.
“Acreditamos que é do interesse de todo varejista (incluindo a Amazon) que a mensuração da internet aberta se baseie em algo mais auditável, independente e transparente do que acontece hoje.”, Jeff Green, CEO da The Trade Desk
Por isso, Green vê a Amazon mais como parceira de longo prazo do que como concorrente direta. Ainda assim, o Jefferies rebaixou a recomendação para as ações de TTD de compra para manutenção, cortando o preço-alvo de US$ 100 para US$ 50.
O principal motivo para a revisão foi a projeção de crescimento de receita de 14% no terceiro trimestre, contra alta de 22% registrada pela Amazon no segundo trimestre, que gerou US$ 15,69 bilhões em publicidade.
A Trade Desk segue lucrativa
A empresa é lucrativa desde 2013 e superou a marca de US$ 1 bilhão em receita em 2021. Em 2024, faturou US$ 2,4 bilhões. No segundo trimestre de 2025, encerrado em junho, reportou receita de US$ 694 milhões, alta de 19% sobre o mesmo período do ano anterior, superando a expectativa de US$ 685 milhões da FactSet. O lucro por ação (LPA) ficou alinhado à projeção, em US$ 0,41.
Curiosamente, na apresentação dos resultados, a companhia se definiu como “facilitadora, não disruptora”, um posicionamento que contrasta com a tese de investimento de Cathie Wood, focada em disrupção. Essa postura, contudo, está ligada à relação com a Amazon: mesmo com a parceria Amazon-Roku em CTV, a The Trade Desk vê esse segmento como o de maior crescimento nos próximos anos, com oportunidades significativas no mercado internacional e um TAM estimado em US$ 1 trilhão para publicidade.
Apesar disso, além do Jefferies, o Bank of America (NYSE:BAC) Securities também rebaixou a recomendação de compra para desempenho inferior ao mercado, reduzindo o preço-alvo de US$ 130 para US$ 55. Como mencionado, a orientação para o terceiro trimestre, mesmo prevendo pelo menos US$ 717 milhões, foi determinante para a revisão.
Em outras palavras, a expectativa de crescimento e lucratividade permanece, mas alguns analistas já não consideram a TTD uma ação de caráter disruptivo premium.
Preços-alvo para TTD
No acumulado do ano, as ações recuam 54,7%, perdendo grande parte do apelo premium desde a máxima histórica de US$ 139,52 no fim de 2024. Cotada a US$ 53,22, a ação vale quase metade da média de 52 semanas, de US$ 93,18.
Ainda assim, segundo dados de projeção do Wall Street Journal, o preço-alvo médio está bem acima do valor atual, em US$ 79,97, com estimativas variando entre US$ 45 e US$ 135.
Considerando o aumento da posição de Cathie Wood, esse pode ser o nível de preço que ela considera atrativo para se expor ao modelo de negócios de uma DSP.
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