Por Ben Blanchard
PEQUIM (Reuters) - O príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman fechou um acordo de 10 bilhões de dólares para um complexo petroquímico e de refino na China nesta sexta-feira, quando se reuniu com o presidente chinês, Xi Jinping, que pediu esforços conjuntos para combater o extremismo e o terrorismo.
A delegação saudita, incluindo os principais executivos da petrolífera saudita Saudi Aramco, chegou na quinta-feira para uma turnê pela Ásia que já viu o reino prometer investimentos de 20 bilhões de dólares no Paquistão e buscar investimentos adicionais na indústria de refino da Índia.
A Arábia Saudita assinou 35 acordos de cooperação econômica com a China no valor total de 28 bilhões de dólares em um fórum de investimento conjunto durante a visita, informou a agência de notícias estatal Saudita SPA.
"A China é uma boa amiga e parceira da Arábia Saudita", disse o presidente Xi Jinping ao príncipe herdeiro, diante de repórteres.
"A natureza especial de nosso relacionamento bilateral reflete os esforços que você fez", acrescentou Xi, que aumentou a presença da China no Oriente Médio como um objetivo chave da política externa, apesar de seu tradicional papel discreto.
O príncipe herdeiro disse que as relações da Arábia Saudita com a China remontam "há muito tempo".
O príncipe herdeiro Mohammed, que foi alvo de críticas no Ocidente depois do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi no consulado do reino em Istambul, em outubro, disse que a Arábia Saudita via grandes oportunidades com a China.
O comércio entre os países aumentou 32 por cento no ano passado, disse ele.
A China teve que intervir com cautela nas relações com Riad, já que Pequim também tem laços estreitos com o rival regional da Arábia Saudita, o Irã.
Xi disse ao príncipe herdeiro que os dois países devem fortalecer a cooperação internacional na desradicalização para "impedir a infiltração e a disseminação do pensamento extremista", segundo a TV estatal chinesa.
ACORDOS
A Aramco concordou em formar uma joint venture com o conglomerado de defesa chinês Norinco para desenvolver um complexo de refino e petroquímica na cidade de Panjin, no nordeste da China, afirmando que o projeto está avaliado em mais de 10 bilhões de dólares.
Os sócios formariam uma empresa chamada Huajin Aramco Petrochemical, como parte de um projeto que incluiria uma refinaria de 300.000 barris por dia (bpd), disse a Aramco.
A Aramco fornecerá até 70 por cento da matéria-prima para o complexo, que deve começar a operar em 2024.
Os investimentos poderiam ajudar a Arábia Saudita a recuperar o seu lugar como principal exportador de petróleo para a China, uma posição que a Rússia manteve nos últimos três anos.
A Saudi Aramco está pronta para aumentar sua participação de mercado assinando acordos de fornecimento com refinarias chinesas não estatais.
(Por Ben Blanchard; reportagem adicional de Sylvia Westall em Dubai e Aizhu Chen em Cingapura)