Investing.com - A área plantada de trigo poderá ser reduzida no próximo ano, após o mau resultado da safra deste ano. Se confirmada, será o segundo ano consecutivo de queda. De acordo com a Conab, em 2015 as lavouras de trigo se estenderam por 2,5 milhões de hectares, 9,4% inferior ao recorde histórico de 2,7 milhões de hectares no ano passado.
A safra deste ano foi abalada pela alta do dólar, que encarece os insumos, aliada à quebra de safra provocada pelas condições climáticas adversas poderão descapitalizar e desestimular o produtor a manter ou ampliar a área semeada com a cultura para o próximo ano.
O pior cenário ocorreu no Rio Grande do Sul, segundo maior produtor do país, atrás apenas do Paraná. Os dados do órgão do governo Emater/RS-Ascar fechados após o termino da colheita no estado apontam para uma safra de 1,489 milhão de toneladas, 10,9% menor que a do ano passado e 34,38% inferior às previsões iniciais para o período.
As lavouras gaúchas foram afetadas pelas fortes chuvas que desabaram no estado na época do plantio e próximo à colheita, que comprometeram, respectivamente, a formação inicial e a qualidade final do produto. Os produtores também tiveram que lidar com geada tardia, granizo e fortes ventos. A produtividade do estado ficou em 1,696 kg/ha, resultado 19,5% melhor do que no ano passado – contudo 29,5% menor do que a previsão inicial –, mas a qualidade do produto final, segundo a Emater/RS-Ascar, é “péssima”.
No Paraná, a colheita ficará na casa das 3,43 milhões de toneladas, com quebra de safra da ordem de 0,42 milhão de toneladas. Confirmados o volume, a redução será da ordem de 9,5% na comparação com os 3,79 milhões de toneladas colhidas na safra encerrada no ano passado.
Apesar de bons resultados em estados menos expressivos na cultura – MS (+25%), MG (+20%) e SP (+75%), o mau resultado dos estados do Sul, que ainda inclui queda de 24% em Santa Catarina, fizeram a Conab rever a expectativa de produção nacional de 7,07 milhões de toneladas para 6,2 milhões de toneladas (-11,8%).
Com a economia fraca, apesar de uma safra menor, as importações deverão se estabilizar na casa das 5,35 milhões de toneladas, de acordo com estimativas da Conab. Nesse cenário, os estoques deverão cair de 1,174,7 milhão de toneladas no final de julho para 829,7 mil toneladas em igual período do próximo ano. O volume equivale a um mês de consumo.