RIO DE JANEIRO (Reuters) - Os fundos de investimento imobiliários encerraram 2014 com valor de mercado de 25,1 bilhões de reais, valor quase 30,8 por cento abaixo de seu valor patrimonial no período, de 36,3 bilhões de reais, segundo dados divulgados pela BM&FBovespa nesta segunda-feira.
A combinação de um ambiente de alta de juros e uma indicação de aumento da vacância afastaram os investidores no ano passado, mas esta diferença pode mostrar uma oportunidade para os investidores, de acordo com o diretor de investimentos imobiliários da Rio Bravo, José Diniz.
"Por conta disso, a gente entende que 2015 pode ser uma oportunidade muito interessante. Com cautela, porque a taxa de juros ainda deve subir... Se a Selic sobe, a tendência é que os fundos imobiliários fiquem estáveis ou percam alguma coisa. No médio prazo, a gente acredita que os fundos imobiliários são uma boa oportunidade", afirmou Diniz.
O Ifix, índice que mede o desempenho do setor, teve uma queda de 2,76 por cento no fechado do ano. O índice chegou a cair 10 por cento em fevereiro do ano passado, recuperando-se nos meses seguintes, mas voltando a trajetória de queda em setembro. Em 2014, o Ibovespa encerrou em baixa de 2,91 por cento.
"No ano passado teve alguma volatilidade, mas foi um grande zero a zero. Eu acho que 2015 vai ser melhor do que 2014, mas depende muito do cenário econômico", disse o gestor de fundos imobiliários da XP, Renato Vercesi.
No ano passado, o volume anual de negociação chegou a 5,1 bilhões de reais, ante 7,8 bilhões um ano antes.
Além disso, as ofertas públicas caíram pela metade de 2013 para 2014, encerrando o ano em 18, em um total de 4,73 bilhões de reais.
O mercado secundário deverá predominar e as emissões deverão continuar baixas em 2015, segundo os especialistas ouvidos pela Reuters.
"Há algum espaço para melhora do resultado e para o preço no mercado secundário, que ainda está um pouco deprimido. Os fundos estão muito baratos", disse Vercesi.
Na Rio Bravo há duas emissões preparadas, mas o lançamento vai depender do apetite do mercado, segundo Diniz. "No segundo semestre pode haver emissões. Não vejo possibilidade no primeiro semestre", afirmou.
A vacância dos empreendimentos também tem impacto sobre o setor. Segundo Diniz, em São Paulo, o maior mercado do país, ela deve ficar entre 16 e 22 por cento em 2015 e 2016 devido a um elevado volume de entrega, um patamar ainda "aceitável", segundo ele, comparado a uma vacância de até 26 por cento entre 2003 e 2004.
Tudo vai depender das chamadas locações de oportunidade --com o aluguel de grandes áreas por preços menores-- e pela velocidade de entrega de novos empreendimentos, acrescentou.
(Por Juliana Schincariol; Edição de Luciana Bruno)