Por Thomas Escritt
AMSTERDÃ (Reuters) - Um suposto rebelde islâmico acusado de destruir monumentos antigos em Timbuktu, no Mali, compareceu perante o Tribunal Penal Internacional nesta quarta-feira, tornando-se a primeira pessoa a enfrentar acusações de danificar o património cultural da humanidade a ser julgada nesse tribunal.
O TPI tem examinado os eventos no Mali desde 2012, quando rebeldes islâmicos tuaregues se apoderaram de grande parte do norte do país e impuseram a rigorosa lei religiosa muçulmana nessas áreas. Eles profanaram santuários antigos, mesquitas e monumentos em Timbuktu, agora Património Mundial da Unesco. As tropas francesas e do Mali expulsaram os insurgentes no ano seguinte.
Promotores dizem que o cidadão malinês Ahmad al-Faqi al-Mahdi liderava um esquadrão de moralidade islâmica chamado Al-Hesbah, que ajudou a executar as decisões do tribunal islâmico de Timbuktu. Ele também é acusado de pertencer à organização Ansar Dine, aliada da Al Qaeda no Magreb (AQIM).
"Meu nome é Ahmad al-Faqi um-Mahdi, e sou da tribo tuaregue ... Nasci cerca de 40 anos atrás. Sou um graduado do instituto dos professores em Timbuktu e era funcionário público no departamento de educação desde 2011 ", disse ele ao tribunal.
Como líder do Hesbah, Mahdi é acusado de dirigir ataques contra nove mausoléus e a mesquita Sidi Yahia em Timbuktu, uma cidade que por volta do século 14 se tornou um importante centro comercial e de aprendizagem.
Mahdi é a primeira pessoa a enfrentar no tribunal acusações de danos ao patrimônio cultural da humanidade, mas o TPI tem sido instado a olhar também para a destruição provocada pelo Estado Islâmico no sítio arqueológico de Palmira, na Síria.