BRASÍLIA (Reuters) - O Senado votou nesta quarta-feira pela manutenção da prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de obstrução no andamento da operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras (SA:PETR4).
A decisão do Senado de manter a prisão de Delcídio foi tomada por 59 votos a 13.
"Esperamos que ele possa se defender. Mas o governo não patrocinou, nem o partido e nem a bancada patrocinou qualquer ato errado ou equivocado de quem quer que seja", disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).
A prisão de Delcídio, feita por decisão monocrática do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi referendada por unanimidade pela 2ª Turma da Corte.
Após a prisão do parlamentar, que ocupava a liderança do governo no Senado, o Palácio do Planalto informou que escolherá um novo líder na próxima semana e que, por ora, os quatro vice-líderes governistas na Casa atuarão interinamente.
Zavascki, responsável pelas ações no STF decorrentes da Lava Jato, disse em sua decisão que Delcídio foi acusado de ter negociado oferta de fuga ao ex-diretor da área Internacional da Petrobras em troca de silêncio nas investigações.
O ministro afirmou ainda, com base em documentos do MPF, que Delcídio teria oferecido ainda ajuda financeira mensal de 50 mil reais à família de Cerveró, além de intervenção política a favor dele, para que o ex-diretor da Petrobras não firmasse acordo de delação premiada com a Justiça. O pagamento, segundo o MPF, seria feito pelo banqueiro André Esteves, do BTG Pactual (SA:BBTG11), também preso pela PF nesta quarta-feira.
As acusações contra o senador tiveram origem em uma gravação de áudio feita por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, durante conversa em que Delcídio aparece fazendo as ofertas.
A prisão de Delcídio acontece em meio à necessidade do Planalto aprovar matérias importantes no Congresso Nacional, como a proposta que muda a meta fiscal deste ano, que tem de ser aprovada em sessão conjunta do Congresso, e o projeto de lei de regularização de recursos brasileiros não declarados no exterior, que tramita no Senado.
(Reportagem de Leonardo Goy)