(Corrige informação nos 1º, 2º e 5º parágrafos para esclarecer, conforme retificação do MPF-RS, que a denúncia foi feita contra ex-funcionários, não contra a empresa, como o MPF havia informado antes)
Por Lisandra Paraguassu
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul informou, nesta terça-feira, que dois ex-funcionários da Forjas Taurus (SA:FJTA3) foram denunciados pela venda ilegal de armas a um traficante internacional, conforme revelou a Reuters.
Em nota, o Ministério Público Federal "esclarece que a denúncia, de 10 de maio de 2016, foi oferecida contra dois ex-executivos da empresa fabricante de armas Forjas Taurus, juntamente com terceira pessoa, pela venda ilegal de armas de fogo". Mais cedo, o órgão havia informado, também por meio de nota, que a denúncia era contra a empresa.
“A denúncia foi pautada com base em investigação da Polícia Federal desde 2015, que apontou a venda ilegal de armas por parte de dois ex-executivos da marca para um traficante internacional do Iêmen”, diz a nota, acrescentando que a denúncia ainda tramita em segredo de Justiça.
O traficante internacional citado pelo MPF é o iemenita Fares Mohameed Mana’a, listado pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 2010 como um dos maiores traficantes de armas da atualidade, responsável pela venda de armamento aos rebeldes houthis, no Iêmen, e também por armar facções radicais islâmicas na Somália.
O MPF denunciou os ex-executivos da empresa Leonardo Sperry (supervisor de exportação) e Eduardo Pezzuol (gerente de exportação) pela venda de 8 mil revólveres e pistolas em 2013, um negócio de 2 milhões de dólares, como revelou reportagem na véspera, com base em documentos judiciais. Em 2015, os dois executivos trouxeram Mana’a ao Brasil, usando um passaporte falso, para visitar a fábrica, no Rio Grande do Sul, e negociar outra entrega, de 11 mil armas, negócio abortado pela descoberta da operação pela Polícia Federal, segundo documentos obtidos pela Reuters.
A empresa negou que fosse parte do processo, informando que era apenas “parte interessada” e estava colaborando com as investigações. Em comunicado ao mercado, na segunda-feira, a Taurus admitiu a existência de uma ação penal, mas mais uma vez disse que a empresa não era parte e havia suspendido o negócio ao descobrir o destino das armas negociadas.
Nesta terça-feira, a empresa negou "veementemente a informação de que tenha sido denunciada e seja ré no processo em questão".