BRASÍLIA (Reuters) - O senador Roberto Rocha (PSB-MA) leu na manhã desta quarta-feira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa seu parecer favorável à indicação feita pelo presidente Michel Temer para que a subprocuradora-geral da República Raquel Dodge suceda Rodrigo Janot à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Responsável por ter denunciado Temer na semana passada, Janot ficará no cargo até o dia 17 de setembro. O Palácio do Planalto mandou rapidamente a indicação de Dodge ao Senado, a quem cabe sabatiná-la, a fim de esvaziar a atuação do atual procurador-geral da República.
Após a leitura, foi concedida vista coletiva para os integrantes da comissão. A CCJ deverá sabatiná-la e votar a indicação, de forma secreta, na reunião da próxima quarta-feira.
Em seu parecer de cinco páginas, Rocha cita o currículo, faz um resumo da experiência de Raquel Dodge, no Ministério Público Federal desde 1987, e destaca o apoio da categoria --ela ficou em segundo lugar na lista tríplice em um disputa bastante equilibrada na votação organizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).
"Tem, portanto, amplo apoio da categoria, tanto assim que a própria ANPR e a Força-Tarefa da chamada 'Operação Lava-Jato' emitiram notas públicas de apoio à escolha da subprocuradora-geral pelo presidente da República", afirma o senador, no parecer.
O relator diz ainda que a experiência dela é "inquestionável em matéria penal, mas não é menor em relação a questões cíveis, em geral, e de tutela coletiva, em especial". E relata a experiência que ela teve como assessora de ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral antes de ter ingressado para a PGR.
"Por fim, como não podemos registrar nosso voto, em virtude do caráter secreto do processo de votação, concluímos que há elementos suficientes para que esta comissão manifeste-se sobre a indicação de Raquel Elias Ferreira Dodge para ocupar o cargo de procuradora-geral da República", conclui o senador.
A futura PGR é vista como opositora a Janot, que virou desafeto do Planalto após a denúncia contra Temer.
(Reportagem de Ricardo Brito)