Investing.com – A Câmara dos Deputados rejeitou na tarde desta quarta–feira (2/8) o prosseguimento da denúncia por corrupção contra Michel Temer, apresentada pela Procuradoria–Geral da República ao STF no mês passado.
Às 20h17, o governo garantiu o número mínimo somado de 172 votos e abstenções necessários para impedir que a oposição tenha os 342 votos para a aprovar o prosseguimento da investigação contra Michel Temer. Nos últimos dias, consultorias e aliados do Planalto acreditavam que o Temer garantiria entre 250 e 270 votos a seu favor. Ainda é necessário somar os 342 votos contrários e a favor da denúncia para confirmar a votação.
A votação mostrou força da base aliada a Michel Temer e reforçou as apostas de que o governo poderá seguir com a agenda reformista e voltar a negociar a alteração das leis que regem a Previdência.
Desde a delação dos executivos da J&F revelada em 17 de maio, Temer teve seu capital político fortemente reduzido, o que provocou nos bastidores - e o presidente em exercício do PSDB, Tasso Jereissati - a discussão da substituição do presidente por Rodrigo Maia, para assegurar o avanço da agenda reformista.
Michel Temer, contudo, aproveitou o recesso parlamentar para reorganizar a base aliada às custas de emendas parlamentares e a edição de medidas provisórias e, assim, vencer a batalha na Câmara, reduzindo a força do PSDB, até então tido como principal fiador do atual governo.
O futuro de Temer, contudo, deverá ser mais atrelado ao fisiologismo do baixo clero da Câmara, depois de precisar dos partidos do chamado Centrão para sair vitorioso.
Nas próximas semanas, a expectativa é que a PGR apresente novas denúncias contra o presidente que serão novamente levadas a voto na Câmara, fazendo com que o presidente volte a recorrer aos partidos médios e nanicos para garantir seu poder. Em todo caso, após a conclusão - ou o fim antecipado do mandato - a denúncia contra Temer voltará a ser apreciada pela Justiça, neste caso, sem foro privilegiado.
Neste cenário, a reforma da Previdência pode voltar a ser negociada, mas a expectativa é que somente os pontos menos polêmicos - como a idade mínima - seja aprovada, adiando o problema fiscal para o próximo governo.
A maior aposta nesse novo caminho fez com que os investidores voltassem à bolsa com mais otimismo e o Ibovespa voltou aos 67 mil pontos nesta quarta-feira, patamar semelhante ao do início de maio. No dia antes do crash da bolsa, o índice fechou a 68.674 pontos.
Nos últimos dias, a pressão pela reforma da Previdência aumentou com a expectativa de que o governo precise aumentar a meta de déficit para este ano, apesar das seguidas negativas da equipe econômica no passado, tom que passou a ser de incerteza na fala de Henrique Meirelles.
A meta de déficit do ano é de R$ 139 bilhões e o mercado aposta que o governo precisará elevar para cerca de R$ 155 bilhões, mesmo após nova rodada de contingenciamento e elevação dos tributos sobre os combustíveis.