Por Sonya Dowsett
MADRI (Reuters) - A eleição da Catalunha não resolverá de forma conclusiva a crise política desencadeada por um referendo de independência na região, mostraram nesta sexta-feira as últimas pesquisas antes da votação de 21 de dezembro.
A eleição resultará em um Parlamento sem maioria, revelou uma sondagem da empresa Metroscopia, já que os partidos que defendem a união com a Espanha devem obter um máximo de 62 cadeiras e as facções separatistas outras 63 --ambas aquém da maioria na legislatura de 135 assentos.
A pior crise política espanhola desde a transição do país para a democracia, ocorrida quatro décadas atrás, irrompeu em outubro, quando Madri rejeitou o referendo, que declarou ilegal, e assumiu o controle da rica região do nordeste do país.
O impasse dividiu a sociedade, induziu um êxodo de empresas e prejudicou as perspectivas econômicas promissoras da Espanha --nesta sexta-feira o banco central culpou os eventos na Catalunha por um corte em suas previsões de crescimento para 2018 e 2019.
Tanto a pesquisa da Metroscopia, publicada no jornal El País, quanto uma segunda divulgada no jornal La Razón previram um comparecimento recorde no pleito catalão, mas a votação pode desencadear semanas de disputas entre partidos diferentes na tentativa de se formar um governo.
O ex-líder catalão Carles Puigdemont está fazendo campanha de Bruxelas, para onde se transferiu pouco depois de ser demitido por Madri na esteira de uma declaração unilateral de independência para a região.
Das últimas sondagens permitidas antes da eleição, divulgadas nesta sexta-feira, a do El País, que consultou 3.300 pessoas na Catalunha entre 4 e 13 de dezembro, mostrou que o partido de Puigdemont deve conquistar 22 cadeiras.
O partido unionista Ciudadanos, que vem apoiando o governo central minoritário do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, e seu Partido Popular (PP) em votações parlamentares, obterá a maioria das vagas, seguido de perto pelo pró-secessão ERC.
Mas diante da previsão de um máximo de 36 assentos para o Ciudadanos e de 33 para o ERC, as duas siglas ficarão distantes dos 68 assentos necessários para ter uma maioria.
Com isso a filial regional Podemos, partido de esquerda que apoia a união, mas quer um referendo de independência, pode se transformar em um fiel da balança em potencial.