BRDO PRI KRANJU, Eslovênia (Reuters) - A Europa não está pronta para nova retração econômica e a próxima crise pode testar os limites do Banco Central Europeu, potencialmente levando as taxas de juros mais fundo no território negativo, disse o membro do conselho do BCE Benoit Coeure nesta sexta-feira.
Tendo lutado contra a crise da dívida da Europa com uma explosão de gastos de 2 trilhões de euros, alguns membros do BCE estão preocupados que governos tenham usado seu tempo mal, falhando em elevar a capacidade de absorção de choques do bloco e deixando-o vulnerável a choques futuros.
Ao argumentar que muitas das falhas institucionais que causaram a última crise ainda não foram solucionadas, Coeure advertiu que até mesmo uma pequena contração poderia criar grandes custos sociais e econômicos.
"A próxima crise pode forçar o BCE a testar os limites do seu mandato", disse Coeure, um dos mais influentes vices do presidente Mario Draghi, em uma conferência na Eslovênia.
"Dependendo da natureza da próxima crise, a ação de política monetária pode exigir taxas de juros de curto prazo muito mais profundas no território negativo", disse. "Ou pode exigir compras de ativos com risco mais elevado do que dívida pública ou corporativa. Ou pode nos aproximar perigosamente do financiamento monetário dos governos."
Embora o BCE já tenha reduzido suas medidas de estímulo desde o ápice da crise, sua taxa de depósito permanece na mínima recorde de -0,4 por cento e o banco detém mais de 2 trilhões de euros em dívida corporativa e soberana, com o objetivo de manter o custo de empréstimo super baixo.
Coeure argumentou que mercados flexíveis, incluindo um mercado financeiro integrado, deveriam ser a primeira linha de defesa porque eles absorvem choques de forma eficiente. Mas somente uma fração das propostas de reforma da União Europeia foi aceita.
(Por Marja Novak)