Investing.com - A retórica, e não a economia, deverá ser o principal condutor dos ânimos na semana a seguir, já que investidores observam mais desdobramentos em meio a uma guerra comercial em formação entre os EUA e a China, o que causou arrepios nos mercados financeiros.
Com relação a dados, a leitura final sobre o crescimento dos EUA no primeiro trimestre será o destaque da semana.
Além do relatório do PIB, o calendário da semana também traz um relatório sobre a inflação dos gastos de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) - a métrica preferida do Federal Reserve para a inflação. Os investidores irão estudar os números para ter uma ideia da perspectiva de inflação nos EUA e de qualquer impacto que os dados possam ter sobre a política monetária da Reserva Federal nos próximos meses.
Já na Europa, agentes do mercado irão aguardar a leitura final dos dados sobre o crescimento do Reino Unido na busca de mais indicações sobre a saúde da economia e a probabilidade de que o Banco da Inglaterra eleve a taxa de juros este ano.
Investidores se concentrarão também na primeira estimativa dos números da inflação da zona do euro, que provavelmente darão sustentação à decisão do Banco Central Europeu de não apressar a retirada do estímulo monetário.
Antes da semana que está por vir, a Investing.com compilou uma lista com os cinco maiores eventos do calendário econômico com grandes chances de afetar os mercados.
1. Tensões comerciais entre EUA e China
Algumas autoridades da Casa Branca estão tentando retomar as negociações com a China para evitar uma guerra comercial antes que as tarifas dos EUA sobre os produtos chineses entrem em vigor em 6 de julho, disseram três pessoas familiarizadas com os planos na sexta-feira.
A divulgação indica a disposição de algumas autoridades americanas de buscar uma trégua antes US$ 34 bilhões em produtos chineses sejam atingidos por tarifas, em vez de desencadear uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Mercados em todo o mundo fecharam em baixa na semana passada depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, solicitou ao Representante de Comércio dos EUA que identificasse US$ 200 bilhões em mercadorias chinesas para tarifas adicionais de 10%.
Consequentemente, Pequim declarou que entregaria seu próprio conjunto de medidas contrárias, se necessário.
Essas tarifas seguiram as cobranças já anunciadas por ambas as nações no início deste mês.
Washington e Pequim pareciam estar cada vez mais se dirigindo para uma guerra comercial depois que várias rodadas de negociações não conseguiram resolver as queixas dos EUA sobre a política industrial chinesa, o acesso ao mercado do país e um déficit comercial de US$ 375 bilhões.
2. PIB dos EUA no 1º tri - estimativa final
Os EUA deverão divulgar os números finais do crescimento econômico do terceiro trimestre às 09h30 de quinta-feira.
Espera-se que os dados confirmem que a economia cresceu em taxa anual de 2,2% nos três primeiros meses de 2018, sem alteração a partir da estimativa preliminar. O crescimento foi de 2,9% no quarto trimestre do ano passado.
É improvável que os dados alterem as perspectivas para a política monetária depois que Jerome Powell, presidente do Fed, reiterou na semana passada que a situação de aumentos graduais contínuos permanece forte.
A atual expansão econômica dos EUA, já a segunda mais longa já registrada, recebeu combustível extra na forma de grandes cortes de impostos, o que ajudará a manter muito baixas as chances de uma grande desaceleração no restante do ano.
3. Dados da inflação de despesas de consumo pessoal dos EUA
O Departamento de Comércio dos EUA divulgará às 09h30 da próxima sexta-feira dados sobre renda pessoal e despesas pessoais em maio, que incluem os dados da inflação das despesas de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês), a métrica preferida do Fed para inflação.
O consenso das projeções indica que o relatório mostrará que o núcleo do índice de preços PCE subiu 0,2% no mês passado após ter subido um percentual similar no mês anterior.
Em base anual, espera-se que o núcleo dos preços PCE tenha subido 1,9%, o que se compara ao aumento de 1,8% no mês precedente.
O Fed utiliza o núcleo PCE como ferramenta para ajudar a determinar se eleva ou abaixa as taxas de juros com o intuito de manter a inflação na taxa de 2% ou abaixo disso.
O calendário desta semana também trará dados norte-americanos de primeira linha sobre confiança do consumidor CB na terça-feira, seguidos do relatório de pedidos de bens duráveis na quarta-feira.
O Fede elevou as taxas de juros pela segunda vez este ano no início de junho e manteve os planos de prosseguir com outro aumento até o fim do ano.
4. Leitura final do PIB do primeiro trimestre do Reino Unido
O Escritório de Estatísticas Nacionais do Reino Unido (ONS, na sigla em inglês) deverá divulgar a terceira estimativa do crescimento econômico do país no quarto trimestre às 05h30 da próxima sexta-feira.
O relatório deverá confirmar que a economia cresceu de forma insignificante, 0,1%, no período entre janeiro e março. Em comparação ao ano anterior, a projeção de crescimento da economia é de 1,2%, também sem alteração a partir da estimativa inicial.
Isso marcaria o desempenho mais fraco desde meados de 2012, já que um início de ano excepcionalmente frio e uma desaceleração nos gastos das famílias e no investimento empresarial limitaram o crescimento.
Apesar disso, o Banco da Inglaterra na semana passada deixou a porta aberta para um aumento da taxa em sua próxima reunião em agosto, uma vez que os decisores avaliaram que a desaceleração da economia no primeiro trimestre foi temporária e ligada ao clima excepcionalmente ruim.
A política também deve permanecer em foco pois a saída da Grã-Bretanha da União Europeia ocorre em menos de um ano e a forma de seu futuro relacionamento ainda permanece incerta.
5. Inflação da zona do euro
A zona do euro publicará seus |números da inflação em junho às 06h00 de sexta-feira.
O consenso das projeções é de que o relatório irá mostrar que os preços ao consumidor subiram 2,0%, mais do que o aumento de 1,9% de maio, impulsionado pelo aumento nos custos de energia.
Talvez, de forma mais significativa, os números do núcleo da inflação, sem os preços voláteis de energia e alimentos, têm projeções de alta de 1,0% a partir de 1,1% no mês anterior.
O Banco Central Europeu tem como alvo inflação uma taxa pouco abaixo de 2% para a zona do euro como um todo.
Alemanha, França, Itália e Espanha divulgarão seus relatórios próprios de IPC durante a semana.
O BCE recentemente indicou que pretende encerrar seu massivo programa de estímulo no final deste ano, mas prometeu manter as taxas de juros nos níveis atuais até pelo menos o verão de 2019.
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