BEIRUTE (Reuters) - O Exército libanês e militantes islâmicos entraram em confronto nesta quarta-feira apesar do cessar-fogo de 24 horas acertado para encerrar cinco dias de conflitos que deixaram dezenas de mortas, no mais recente alastramento para território libanês da guerra civil na vizinha Síria.
O rei saudita Abdullah concedeu 1 bilhão de dólares para ajudar o Exército libanês a aumentar a segurança, num momento em que os militares enfrentam militantes que tomaram controle da cidade de Arsal, na fronteira com a Síria, relatou a agência estatal de notícias SPA.
Tiros de metralhadora e artilharia irromperam nesta quarta-feira de manhã (horário local) nos arredores da cidade, violando o cessar-fogo de 24 horas, que entrou em vigor na noite de terça-feira.
"O cessar-fogo continua, mas estamos respondendo a quaisquer violações", disse um oficial de segurança.
Pelo menos 17 soldados foram mortos e 22 estão desaparecidos por conta da violência dentro e nos arredores de Arsal. Relatos preliminares de dentro da cidade sugerem que dezenas de pessoas foram mortas lá.
Tropas libanesas em avanço encontraram os corpos de 50 combatentes nesta segunda-feira, disseram fontes de segurança, ao passo que fontes na cidade relataram muitas mortes entre a população civil.
O prefeito de Arsal, Ali Hujeiri, disse por telefone que os rebeldes estavam nos arredores da cidade. "Houve cessar-fogo, mas não está sendo implementado", disse ele, acrescentando que parecia haver mais militantes na área.
"O Exército ainda está aqui, os combatentes ainda estão aqui, e os que estão sofrendo são os civis", disse.
Arsal era a primeira parada para muitos civis em fuga da Síria. Campos de refugiados em Arsal que forneciam abrigo para dezenas de milhares de sírios foram danificados durante os combates, forçando as pessoas a buscar abrigo na própria cidade, disseram ativistas sírios na área.
Esta foi a primeira grande incursão do Líbano contra militantes extremistas sunitas - líderes da violência entre sunitas e xiitas por todo o Levante. A invasão ameaça a estabilidade do Líbano ao inflamar as tensões sectárias no país.
Embora autoridades libanesas tenham tentado se distanciar do conflito na Síria, o movimento xiita mais poderoso do país, o Hezbollah, tem enviado combatentes para ajudar o presidente sírio, Bashar al-Assad, que é alauíta. Assad, como o Hezbollah, é apoiado pelo Irã, uma potência xiita.
Mais de 170 mil pessoas morreram na guerra civil da Síria, iniciada em 2011 como um movimento de protestos pacíficos e que cresceu para uma guerra civil após a repressão do governo.
(Por Oliver Holmes e Tom Perry, em Beirute, e Amena Bakr, em Doha)
((Tradução Redação Rio de Janeiro; 55 21 2223-7128))
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