(Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acredita que a presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) deverá ter Aécio Neves (PSDB) como adversário no segundo turno das eleições, dizendo que "não se inventa" uma candidatura de última hora, em referência a Marina Silva (PSB).
Questionado se haveria novamente um "clássico" entre PT e PSDB na disputa de segundo turno, Lula disse sim.
"O Aécio acho que vai (para o segundo turno)", disse. "Porque são duas forças políticas muito fortes, você não inventa candidatura de última hora", afirmou ele em São Bernardo do Campo (SP), onde votou neste domingo.
"Quando começa o jogo para valer, tem que ter time para colocar em campo", completou.
Pesquisas dos institutos Datafolha e Ibope divulgadas no sábado mostraram que o tucano conseguiu uma vantagem numérica sobre a candidata do PSB, Marina Silva, e pode conseguir uma virada e chegar ao segundo turno.
Lula disse, porém, que é preciso aguardar o resultado para iniciar as conversas para um possível apoio do PSB a Dilma no segundo turno.
"Nós sempre fizemos aliança com o PSB, tem alianças em outros Estados, vamos esperar terminar o primeiro turno para ver com quem conversar, se tem que conversar", disse.
"Nada de precipitar", acrescentou.
CORRUPÇÃO SERÁ TEMA DE DEBATE
Apesar de acreditar que Aécio será o adversário de Dilma no segundo turno, Lula evitou dizer quem seria o oponente preferido.
"Não tem preferência gente, não tem escolha. O povo decidiu quem vai ser o primeiro e o segundo, disputa e vamos que vamos", afirmou.
O ex-presidente afirmou ainda que economia, saúde e corrupção devem ser os principais temas de debate no segundo turno.
"A economia acho que deverá permear um debate sério nesse país sobre o futuro do Brasil, com a crise mundial", disse.
"O Aécio deu a tônica no primeiro turno, não sei se é ele que vai (para o segundo turno), mas ele é um cara que tem falado muito em corrupção e esse é um tema que acho que a Dilma vai querer debater com ele também", afirmou.
Questionado sobre a possibilidade de disputar a eleição presidencial em 2018, Lula disse que não pensa sobre isso.
"Não me passa pela cabeça discutir 2018 agora, o que eu quero é que a Dilma vença as eleições, que ela faça o melhor governo que é possível fazer", explicou.
O ex-presidente analisou que as manifestações populares de junho do ano passado não tiveram efeito no processo eleitoral como se esperava.
"Se imaginava que o movimento de junho fosse resultar numa quantidade enorme de abstenção, não comparecimento e não está acontecendo isso. Se imaginava que se fosse votar na oposição e não está acontecendo isso", argumentou Lula.
"Não interferiu no processo eleitoral", disse.
(Por Jeferson Ribeiro em Brasília)