Por Eduardo Simões e Maria Carolina Marcello
(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira que houve exagero quando se implementou a regra de paridade de preço internacional na Petrobras (SA:PETR4).
Em entrevista a jornalista Leda Nagle, o presidente repetiu que a Petrobras está tendo lucros extorsivos e que os combustíveis podiam estar mais baratos no Brasil.
Mais tarde, em encontro com apoiadores no Palácio da Alvorada, Bolsonaro argumentou que não tem como interferir na estatal, e comentou que seriam necessárias mudanças na lei atualmente vigente para atacar o problema.
"Virou um monstro a Petrobras, desde quando o (ex-presidente) Lula vendeu os papéis dela para acionistas minoritários, começou a desgraça. Depois o governo Temer inventou uma tal de paridade com o preço internacional", disse Bolsonaro.
"E eu não tenho como interferir lá, e vai chegar a hora de a gente mudar a legislação. Eu não posso interferir, mas o lucro da Petrobras é uma coisa assustadora", afirmou.
A composição dos preços dos combustíveis cobrados pela Petrobras nas refinarias leva em conta fatores como o dólar e o valor internacional do barril de petróleo.
Pressionado politicamente pela alta dos preços dos combustíveis, Bolsonaro tem adotado a postura de transferir a responsabilidade desse aumento para a Petrobras --embora ele tenha a prerrogativa de indicar, por exemplo, o presidente da estatal-- e para governadores.
Mas na tentativa de resolver a crise causada pelo aumento constante dos preços dos combustíveis, o presidente já trocou o comando da estatal três vezes, além de trocar seu ministro de Minas e Energia.
Na entrevista que deu mais cedo, Bolsonaro também reclamou que não pode trocar o comando da estatal na velocidade que gostaria, já que a mudança passa por trâmites dentro do conselho de administração da estatal.
O governo federal também entrou no Supremo Tribunal Federal com ações que tratam do ICMS, um imposto estadual, que incide sobre os combustíveis. O presidente com frequência também culpa os tributos cobrados pelos Estados pelo elevado preço dos combustíveis.