(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que o petróleo que atingiu praias do Nordeste parece ter sido despejado criminosamente na região, uma vez que se fosse resultado de vazamento de um navio afundado o fluxo seria constante.
"É um volume que não está sendo constante. Se fosse de um navio afundado estaria saindo ainda óleo. Parece que o mais fácil, o que parece, é que criminosamente algo foi despejado lá", disse Bolsonaro a jornalistas na saída do Palácio da Alvorada, em declaração transmitida ao vivo pelo YouTube por um apoiador do presidente.
Bolsonaro afirmou que a investigação a respeito da possível origem do óleo é "reservada", e que não pode acusar nenhum país para evitar criar um problema caso as primeiras informações não se confirmem posteriormente.
Na véspera, Bolsonaro afirmou que o governo já sabe que o petróleo que atingiu as praias do Nordeste não é produzido ou vendido no Brasil e que já "tem no radar" o possível país de origem do óleo.
As misteriosas manchas de petróleo, encontradas no litoral do Nordeste desde o início do mês passado, têm se espalhado pelas costas de Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, onde chegaram mais recentemente.
As manchas já ameaçam 600 filhotes de tartarugas marinhas que nasceram nas praias de Sergipe e Bahia, que têm sido retidos em seus ninhos para não haver contato com o óleo, disse à Reuters um representante do Projeto Tamar, organização não governamental que atua pela preservação da espécie.
Segundo Bolsonaro, as manchas são uma espécie de piche. "A densidade é um pouquinho maior que a densidade da água salgada, então não fica na superfície, fica submerso, esse é outro problema que nós enfrentamos lá", afirmou.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que estava ao lado de Bolsonaro na saída do Alvorada, afirmou que o governo está trabalhando simultaneamente na limpeza dos locais afetados e na investigação para descobrir a origem do óleo.
"Esse fluxo de óleo foi para a costa, depois a maré trouxe de volta para o mar, depois voltou para a costa novamente, depois trouxe de volta, é um movimento que tem ido para a costa e voltado", disse.
"O nosso papel é agir rápido para retirar aquilo que está em solo e também aprofundar a investigação para descobrir a origem, e isso está sendo feito sob a ordem do presidente para a gente responder o mais rápido possível, e tecnicamente", afirmou.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)