Por Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) - A produção de soja do Brasil deve alcançar o recorde de 150,9 milhões de toneladas na safra 2022/23, estimou a consultoria hEDGEpoint Global Markets nesta sexta-feira, com um leve ajuste positivo ante os 150,06 milhões projetados em janeiro.
Apesar do avanço, a consultoria alertou que prejuízos ainda podem acontecer na safra gaúcha, afetada pela seca.
"O Rio Grande do Sul passa pelos estágios reprodutivos da colheita e continuamos a acreditar que perdas no Estado podem ser maiores do que o que é atualmente estimado pela Conab", disse à Reuters o analista da consultoria Pedro Schicchi.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) tem uma visão mais otimista que alguns agentes do mercado e projeta a safra nacional de soja em 152,89 milhões de toneladas, contando com 18,98 milhões vindos do Rio Grande do Sul.
Sobre a colheita, Schicchi ressaltou que, apesar de alguns atrasos iniciais, o ritmo dos trabalhos principalmente em Mato Grosso tem se normalizado, com melhores condições climáticas.
Ele disse que atrasos persistem na colheita do Paraná e Mato Grosso do Sul, o que pode ter um impacto sobre o milho de inverno nesses Estados, que é plantado imeadiatamente após retirada da oleaginosa.
A consultoria estimou a safra do cereal em 126,2 milhões de toneladas, citando que ainda há otimismo para a produção desta temporada, mas com atenção à janela de semeadura.
"Como dito, Mato Grosso apresentou uma melhora no ritmo de colheita da soja e, por consequência, de plantio de milho, embora ainda um pouco atrasado em relação à média. Já Paraná e Mato Grosso do Sul devem receber chuvas nas próximas semanas, o que pode continuar a atrasar o plantio lá", afirmou.
Dados da consultoria Safras & Mercado divulgados nesta sexta-feira mostram que a colheita de soja atingiu 20,9% da área cultivada na safra 2022/23, versus 32,9% um ano antes e média histórica de 23,4% para esta época do ano.