CHICAGO (Reuters) - O Brasil deve ter uma produção recorde de soja de 148,5 milhões de toneladas na safra de 2022/23, estimou nesta terça-feira o adido do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) em relatório, ante 144 milhões projetados anteriormente, diante de um bom início de plantio.
O novo número de produção também vem na esteira de uma revisão para a área de plantio, projetada em 42,8 milhões de hectares, versus 42,5 milhões estimados anteriormente.
Segundo o USDA, a expectativa é que as expansões de área aconteçam principalmente na região do Matopiba --composta por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia-- além de Mato Grosso.
"(O avanço da) área plantada considera... a continuidade do patamar elevado dos preços domésticos da soja. Os produtores brasileiros estão bem capitalizados e, enquanto os preços dos insumos estão subindo, a rentabilidade continua favorável", disse o adido no relatório.
O representante do USDA também elevou a perspectiva para as exportações. O maior produtor e exportador global da oleaginosa deve embarcar 95,7 milhões de toneladas no ciclo de 2022/23, estimou o USDA, ante 92 milhões na previsão anterior.
A projeção é baseada na "na expectativa crescente de uma ampla oferta disponível e uma taxa de câmbio extremamente favorável" para os compradores, com o dólar sendo negociado em torno de cinco reais em 2023.
Na temporada passada, as exportações de soja do Brasil ficaram em 77 milhões de toneladas, pressionadas por um menor volume colhido em 2021/22, de 126,6 milhões de toneladas, de acordo com os dados do USDA.
Além disso, o adido ainda estimou processamento em recorde de 50 milhões de toneladas de soja no país, um aumento de 1,7% em comparação com a estimativa de 2021/2022.
A expansão prevista está acima da média de cinco anos de crescimento e tem como base a forte demanda por subprodutos de soja, especialmente o óleo.
"Um fator determinante é a guerra entre Rússia e Ucrânia, que reduziu drasticamente a disponibilidade de óleo de girassol no mercado internacional, favorecendo assim os preços de outros óleos vegetais, inclusive de soja", disse.
(Reportagem de Julie Ingwersen; texto de Rafaella Barros e Nayara Figueiredo em São Paulo)