SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil exportou o volume irrisório de 22 toneladas de soja na primeira semana de fevereiro, em um momento que deveria ser de embarques intensos das primeiras cargas da safra que está começando a ser colhida.
O volume equivale à metade da capacidade de uma carreta rodoviária.
A exportação média por dia útil foi de 4,4 toneladas neste início de mês, ante média diária de 139,5 mil toneladas em todo o mês de fevereiro de 2014, segundo dados divulgados nesta segunda-feira pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
A exportação quase inexistente no início deste mês é uma consequência do agendamento realizado por compradores internacionais, que priorizaram embarques mais para o fim de fevereiro, disse o diretor de Inteligência de Mercado da corretora Cerealpar, Steve Cachia.
"O Brasil plantou atrasado. O medo era que a colheita ia ser umas três semanas mais tarde que o normal. Ou seja, (os compradores) não queriam arriscar ficar sem soja", disse Cachia.
Ele descartou que o baixo registro de embarques seja devido à ausência de soja disponível. "Soja existe no Brasil, sim... Mas soja só vai ao porto quando tem navios."
Em janeiro deste ano, os embarques de soja nos portos brasileiros foram relativamente baixos, de cerca de 85 mil toneladas --ou pouco mais do que a carga de um navio Panamax-- no total, ou 4,1 mil toneladas por dia útil.
Um período prolongado sem chuvas em setembro e outubro provocou atrasos no plantio de soja em importantes regiões do país. Agricultores correram para semear as lavouras ainda dentro da janela ideal de clima, mas isso eliminou boa parte do tradicional escalonamento no desenvolvimento das lavouras, despertando temores no mercado.
Até o fim da semana passada, o Brasil havia colhido 9,4 por cento da safra 2014/15, contra 13 por cento em igual momento de 2014, disse nesta segunda-feira o consultor Flávio França Junior.
O consultor destacou que os preços deprimidos da soja não estão estimulando negócios e que o volume de venda fechado por produtores está mais baixo atualmente.
A comercialização da safra 2014/15 do Brasil em janeiro avançou para 34 por cento do volume total esperado, abaixo dos 45 por cento do ano passado e dos 52 por cento vistos em 2013.
(Por Gustavo Bonato)