A ligeira redução do câmbio e a queda expressiva dos preços de referência no mercado internacional, tanto para a gasolina como para o óleo diesel, reabriram a janela de importação de diesel no Brasil e diminuíram a defasagem do preço da gasolina em relação aos preços do Golfo do México, usados como referência pelos importadores brasileiros. Com isso, diminui também a pressão para que a Petrobras (SA:PETR4) aumente o preço da gasolina, cujo último reajuste foi há 69 dias.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem média do preço da gasolina no Brasil em relação ao preço externo caiu para 6%, contra 22% no início da semana, enquanto o preço do litro do diesel registra alta de 3% acima no mercado internacional.
Ou seja, se a Petrobras aplicasse a paridade de preço de importação (PPI) ao pé da letra, poderia reduzir o diesel hoje em R$ 0,13 por litro e aumentar a gasolina em apenas R$ 0,24 por litro, contra as projeções de mais de R$ 1 feitas no início da semana. A estatal, porém, tem afirmado que evita repassar imediatamente a volatilidade do mercado internacional para o mercado brasileiro, optando por intervalos maiores entre os reajustes.
O último aumento da gasolina pela Petrobras foi em 11 de março, da ordem de 18,8%, e do diesel no último dia 10, elevado em 8,9%.
A queda de preços reduz a pressão sobre o novo presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, diante de sucessivas cobranças do presidente Jair Bolsonaro para que a Petrobras não aumente o preço dos combustíveis, maior vilão da inflação. Por contaminar toda a cadeia produtiva, a alta dos combustíveis tem sido apontada como um dos maiores obstáculos para a reeleição de Bolsonaro.
Já a Refinaria de Mataripe, na Bahia, privatizada no final do ano passado, e que tem feito sucessivos reajustes para cima ou para baixo desde o início do ano, está com os preços para o mercado interno acima do Golfo do México. No caso da gasolina, o preço está 8% maior, enquanto o diesel está sendo negociado 12% acima do preço praticado no Golfo do México.
Apesar do recuo nos preços no mercado internacional, a volatilidade do petróleo continua por conta da guerra na Ucrânia e o câmbio também tem registrado grande oscilação. Na manhã da quinta-feira, a commodity do tipo Brent operava em queda de 2,47% e era cotada a US$ 106,41/barril para os contratos de julho, e o dólar era negociado a R$ 4,91, registrando uma nova mínima.