Por Gram Slattery e Natalia A. Ramos Miranda
SANTIAGO (Reuters) - O Chile ruma para um segundo turno polarizado da eleição presidencial no mês que vem, já que o ex-congressista de extrema-direita José Antonio Kast liderou o primeiro turno no domingo, ficando adiante do parlamentar de esquerda e ex-líder de protestos Gabriel Boric.
Com 97,52% das urnas apuradas, Kast tinha 27,93% dos votos e Boric 25,76%, e havia uma distância considerável entre eles e o resto dos candidatos, mas ambos ficaram bem longe da maioria necessária para vencer de imediato.
Os candidatos mais moderados e de centro-direita se saíram bem, um possível estímulo para Kast, que parece estar na liderança para a votação decisiva de 19 de dezembro.
"Foi uma noite melhor para a direita do que qualquer um esperava", disse Gonzalo Cordero, um consultor e colunista político.
"Hoje, a probabilidade de Kast vencer a eleição presidencial é muito alta. Kast teria que cometer erros muito significativos nas próximas três semanas para perder."
A eleição, a mais polarizada do país andino produtor de cobre desde sua volta à democracia em 1990, divide o eleitorado entre aqueles que desejam uma reformulação do modelo de livre mercado do Chile e aqueles que exigem mais vigor contra o crime e a imigração.
Ela ocorreu depois de dois anos de protestos às vezes violentos de chilenos exigindo melhorias da qualidade de vida. As manifestações ajudaram a dar ensejo à atual reescrita da Constituição da era Pinochet e impulsionaram a candidatura de Boric, que manteve uma dianteira confortável durante a maior parte da disputa.
Mas a exasperação crescente entre chilenos exaustos da violência política, combinada a uma percepção cada vez maior de que o crime está aumentando, ajuda Kast.
"Hoje, o povo do Chile falou", disse Kast em um discurso longo a apoiadores depois da divulgação do resultados, visando o crime e a desordem como fez durante a maior parte da campanha, o que o ajudou a capitalizar os temores da violência dos protestos e da imigração.
Ele disse que a eleição é uma escolha entre "liberdade e comunismo", uma alfinetada na ampla aliança de esquerda de Boric, que inclui o Partido Comunista.
Na luta para encurtar a distância de Kast ao longo do próximo mês, Boric falou do crime e do tráfico de drogas em seu discurso, algo que fez raramente antes da votação, e admitiu a necessidade de ampliar sua base de apoio.
"A cruzada é que a esperança vença o medo", disse. "Temos que olhar para mais além do nosso campo e ir até lá e trazer pessoas de fora de nossas fronteiras."