Por Dominique Patton e Ana Mano e Tom Polansek
PEQUIM/SÃO PAULO/CHICAGO (Reuters) - A autoridade alfandegária da China assinou um acordo com o Brasil para permitir a importação de milho brasileiro, informou o Ministério do Comércio nesta terça-feira, colocando uma possível ameaça a embarques do produto dos Estados Unidos.
O acordo entre os dois países, que buscam estreitar ainda mais os laços comerciais, ocorre com a China buscando substituir o milho que normalmente buscaria na Ucrânia, um importante exportador global, disseram analistas.
A guerra na Ucrânia interrompeu embarques do país do Mar Negro e afetou o comércio global, com importadores lutando por origens alternativas.
O acordo como Brasil pode reduzir as exportações dos EUA para a China e criar um novo competidor para importadores de milho brasileiro, que tem na União Europeia um cliente.
O acordo ajudou a pressionar os contratos futuros do milho negociados em Chicago.
"É um grande movimento", disse Terry Reilly, analista da Futures International. "É uma mudança no fluxo de comércio."
O acordo sobre os requisitos de quarentena para a importação do milho foi assinado durante as negociações entre as nações nesta semana e segue as compras recordes do cereal pela China no ano passado, depois que o mau tempo e a oferta apertada elevaram os preços domésticos.
O Brasil deverá ter uma produção recorde de milho em 2021/22, apesar de algumas intempéries, podendo voltar à posição de segundo maior exportador global do cereal, se não houver grandes alterações nas projeções da segunda safra, cuja colheita acaba de começar em Mato Grosso.
A associação de exportadores de cereais do Brasil, a Anec, prevê que levará cerca de três meses para o governo brasileiro revisar os requisitos fitossanitários para exportar milho para a China antes que os embarques possam começar, disse Sergio Mendes, diretor-geral do grupo.
As duas nações também concordaram com um protocolo para a exportação de amendoim brasileiro para a China, disse o ministério, e também avançaram em um acordo sobre proteína e farelo de soja.
Em um comunicado separado, o Ministério da Agricultura brasileiro disse que quatro protocolos foram assinados para a exportação de farelo de algodão, carne termicamente processada e melão do Brasil para a China, bem como a exportação de peras da China para os brasileiros.
As partes concordaram em envidar esforços para finalizar, até o final de 2022, as negociações sobre as exportações brasileiras de gergelim, sorgo e uvas para a China, informou o Ministério da Agricultura.
As negociações futuras também vão se concentrar e formas de permitir as exportações brasileiras de farinhas de pescado, aves e suínos, assim como as exportações chinesas de maçãs para o Brasil.