Por Colleen Howe e David Stanway
PEQUIM/CINGAPURA (Reuters) - A China espera que os Estados Unidos possam continuar a cooperar com outros países em relação às mudanças climáticas, seja qual for o resultado da eleição presidencial norte-americana na próxima semana, disse um alto funcionário do governo chinês nesta sexta-feira.
A cooperação entre a China e os Estados Unidos, os dois maiores emissores mundiais de gases de efeito estufa que provocam o aquecimento global, ajudou a fechar grandes acordos climáticos, incluindo o Acordo de Paris de 2015.
Mas a eleição do ex-presidente Donald Trump pode acabar com o compromisso climático bilateral entre os dois lados, já que Trump provavelmente retirará os Estados Unidos do Acordo de Paris pela segunda vez.
"Esperamos que os EUA possam manter a estabilidade e a consistência de sua política climática e esperamos que possam continuar a trabalhar com outros países globalmente", disse Xia Yingxian, diretor-geral do escritório climático do Ministério do Meio Ambiente da China, durante uma reunião.
Com as negociações climáticas da COP29 programadas para começar em Baku, no Azerbaijão, em 10 dias, Xia disse aos repórteres que espera que a reunião envie um sinal positivo de que "o multilateralismo não pode ser revertido e a cooperação internacional é indispensável".
Como parte de suas obrigações no âmbito do Acordo de Paris, os países devem apresentar novas e mais ambiciosas "contribuições nacionalmente determinadas" (NDCs) à Organização das Nações Unidas (ONU) até fevereiro do próximo ano.
Washington tem pressionado Pequim a se comprometer com um corte de 30% nas emissões até 2035, mas especialistas alertaram que a influência dos EUA na diplomacia climática será significativamente prejudicada se Trump vencer na próxima semana.
Xia disse aos repórteres que a China "implementará firmemente seus NDCs" e afirmou que novas metas para 2035 já haviam sido propostas, mas não deu mais detalhes.
Embora a China tenha se comprometido a levar as emissões de dióxido de carbono a um pico "antes de 2030" e a se tornar neutra em carbono até 2060, os pesquisadores afirmam que o país é capaz de ter uma ambição maior, já que o CO2 possivelmente já está em declínio.
No entanto, embora a China tenha "feito progressos significativos", a demanda por energia ainda está em alta e as barreiras ao comércio verde estão impedindo o progresso, alertou Wen Hua, vice-diretor do escritório de proteção ambiental da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, a agência de planejamento da China.
"É preciso ressaltar que as metas de pico de carbono e neutralidade de carbono exigem esforços árduos", disse ele na reunião de sexta-feira.