Por Parisa Hafezi
DUBAI (Reuters) - O Irã, que culpou "inimigos estrangeiros" pelos protestos que varreram o país após a morte de uma mulher sob custódia policial, prendeu nove cidadãos europeus por seu papel nos protestos, disse o Ministério da Inteligência nesta sexta-feira.
A detenção de cidadãos da Alemanha, Polônia, Itália, França, Holanda, Suécia e outros países deve aumentar as tensões entre o Irã e os países ocidentais por conta da morte de Mahsa Amini.
A escalada ocorre à medida que mais vítimas são relatadas, com a agência de notícias estatal dizendo que 19 pessoas podem ter sido mortas depois que as forças de segurança dispararam contra manifestantes armados que atacaram uma delegacia de polícia.
Teerã respondeu à condenação internacional do caso atacando seus críticos, acusando os Estados Unidos de explorar a agitação para tentar desestabilizar o Irã.
As nove pessoas não identificadas foram detidas "durante os tumultos ou enquanto tramavam em segundo plano", disse o ministério em comunicado divulgado pela mídia iraniana.
Amini, uma jovem de 22 anos da cidade curda iraniana de Saqez, foi presa este mês em Teerã por usar "trajes inadequados" pela polícia moral, que aplica o rígido código de vestimenta da República Islâmica para mulheres.
Sua morte causou a primeira grande manifestação de oposição nas ruas do Irã desde que as autoridades reprimiram os protestos contra o aumento dos preços da gasolina em 2019. As manifestações rapidamente evoluíram para uma revolta popular contra o establishment clerical.
Um clérigo iraniano pediu uma ação dura nesta sexta-feira contra os manifestantes.
"Nossa segurança é nosso privilégio distintivo. O povo iraniano exige a punição mais severa para esses desordeiros bárbaros", disse Mohammad Javad Haj Ali Akbari, líder das orações que são realizadas às sextas-feiras em Teerã antes de uma grande reunião.
A Anistia Internacional disse nesta sexta-feira que a repressão do governo às manifestações até agora levou à morte de pelo menos 52 pessoas, com centenas de feridos.
Apesar do crescente número de mortos e da repressão das autoridades, vídeos postados no Twitter mostraram manifestantes pedindo a queda da autoridade clerical.
Enquanto isso, o Irã rejeitou as críticas por seu ataque com mísseis e drones na quarta-feira na região do Curdistão iraquiano, onde os grupos dissidentes curdos iranianos armados estão baseados. Os Estados Unidos chamaram a ação de "uma violação injustificada da soberania iraquiana e da integridade territorial".