SÃO PAULO (Reuters) - A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) informou nesta sexta-feira que solicitou ao governo brasileiro mais recursos para a estocagem e o desenvolvimento de mecanismos de recuperação do preço do café, diante de uma safra recorde no país, segundo comunicado.
O Brasil, maior produtor e exportador global do produto, colheu uma safra de quase 60 milhões de sacas de 60 kg de café neste ano, segundo a estimativa oficial, o que tem adicionado pressão sobre as cotações no mercado internacional do arábica, que atingiram mínimas de mais de 12 anos em meados de setembro.
"Tivemos uma safra de ciclo alto esse ano, e o fluxo de entrada é forte, então nós queremos financiar o produtor com um valor que seja atraente para que ele possa segurar o café e almejar preços melhores num futuro próximo", disse o presidente da Comissão Nacional de Café da CNA, Breno Mesquita, em nota.
No mercado interno, contudo, a situação é diferente da registrada na bolsa ICE, uma vez que o dólar forte frente ao real ajuda a compensar a queda no valor do produto no exterior. Segundo o indicador Cepea/Esalq, o arábica está cotado a cerca de 425 reais por saca, queda de apenas 3,5 por cento ante o mesmo período do ano passado.
A CNA informou que defendeu, em encontro com a presença do secretário-adjunto de Política Agrícola do Ministério da Fazenda, Ivandré Montiel, e do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Wilson Vaz, que os recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) possam ser realocados para a linha de financiamento da estocagem.
Dessa forma, os produtores poderiam aguardar o melhor momento para comercializar a safra, explicou a entidade.
Além disso, a confederação pediu que o valor financiável por saca não seja inferior ao preço mínimo, para aqueles que decidirem estocar.
A falta de uma política de garantia de renda e a gestão do risco para o produtor também foram discutidas na reunião.
(Por Roberto Samora)