Por Alan Charlish e Agnieszka Pikulicka-Wilczewska
VARSÓVIA (Reuters) - A Polônia está apenas realizando entregas de armas previamente acordadas para a Ucrânia, disse um porta-voz do governo polonês nesta quinta-feira, em meio a relações bilaterais desgastadas devido a uma disputa sobre grãos poucas semanas antes de uma eleição parlamentar polonesa.
A decisão do país de estender a proibição das importações de grãos ucranianos irritou Kiev. Até recentemente, a Polônia era vista como um dos mais fortes aliados da Ucrânia em sua guerra contra a Rússia.
O primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, disse na quarta-feira que a Polônia, membro da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), não está mais armando a Ucrânia e se concentra na reconstrução de seus próprios estoques bélicos.
"Gostaria de informar que a Polônia está apenas realizando o fornecimento de munições e armamentos previamente acordados", disse o porta-voz do governo Piotr Muller à agência de notícias estatal PAP nesta quinta-feira. "Isso inclui aqueles resultantes dos contratos assinados com a Ucrânia."
Questionado sobre os comentários de Morawiecki sobre o fornecimento de armas, o Ministro de Bens do Estado, Jacek Sasin, disse: "No momento, é como o primeiro-ministro disse, no futuro veremos".
Sasin disse que a disputa sobre as importações de grãos não significava que a Polônia havia deixado de apoiar a Ucrânia contra a Rússia, mas que Varsóvia precisava reabastecer seus próprios estoques de armas.
O embaixador da Ucrânia na Polônia tentou aliviar as tensões, dizendo à PAP que "não há ninguém na Ucrânia que esteja interessado em criar problemas para os agricultores poloneses", acrescentando que ele achava que um acordo sobre a questão dos grãos poderá ser alcançado.
A Polônia realizará uma eleição parlamentar em 15 de outubro, e o partido nacionalista Lei e Justiça (PiS), que está no poder, tem sido alvo de críticas da extrema-direita pelo que diz ser a atitude subserviente do governo em relação à Ucrânia.
O partido Confederação, que deu voz a sentimentos anti-ucranianos, está em terceiro lugar em muitas pesquisas e surgiu como um possível fiel da balança. Os analistas dizem que a retórica mais dura do PiS em relação à Ucrânia é uma resposta à crescente popularidade do Confederação.
(Por Alan Charlish, Pawel Florkiewicz, Agnieszka Pikulicka-Wilczewska e Andrew Gray)