BRASÍLIA (Reuters) - A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em sua primeira estimativa para a nova safra de café, projetou uma colheita de 44,11 milhões a 46,61 milhões sacas em 2015, com uma melhora na produção de café arábica e uma queda na de café robusta, segundo relatório publicado nesta terça-feira.
A produção não deverá ser muito diferente das 45,34 milhões de sacas de 2014, um ano de alta produtividade no ciclo bianual dos cafezais, mas que foi duramente impactado por uma seca em seu início.
O clima das últimas semanas renovou preocupações de produtores e agentes do mercado. A cotação na bolsa de Nova York tocou máxima de seis semanas na segunda-feira, por temores quanto à produção do Brasil, maior exportador global da commodity.
A Conab, por sua vez, avaliou que os prognóstico para o clima nas regiões produtoras é, em geral, normal. Ainda assim, é preciso ficar atento às chuvas em Minas Gerais, principal Estado produtor.
"Agora no decorrer de janeiro e fevereiro, onde ocorre o enchimento do grão, é que vamos observar se esse padrão de normalidade seguirá ou se teremos impacto da questão climática", disse o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, João Intini, durante a apresentação do relatório, em Brasília.
Ele destacou que boas chuvas registradas em novembro e dezembro foram suficientes para manter os níveis de armazenamento hídrico no solo das regiões produtoras até o momento.
ARÁBICA EM ALTA, ROBUSTA EM BAIXA
A primeira estimativa da Conab para a safra de café de 2015 apontou um aumento na produção de café arábica, a principal variedade cultivada no país, e uma queda na de robusta.
A produção de café arábica este ano deverá ficar entre 32,5 milhões e 34,4 milhões de sacas, ante 32,31 milhões em 2014.
Apesar de uma queda projetada da colheita em importantes regiões produtoras, como o sul e centro-oeste de Minas Gerais e o Estado de São Paulo, a Conab destaca um expressivo aumento, de até 38,6 por cento, na colheita de arábica na Zona da Mata mineira, além de uma recuperação nas lavouras do Paraná, fortemente afetadas pelo frio em 2014.
A Conab destacou também perdas no arábica nas regiões do Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste, em Minas, com redução de colheita entre 625,5 mil e 896,5 mil sacas.
Para o café robusta, a Conab estimou colheita de 11,61 milhões a 12,21 milhões de sacas em 2015, abaixo das 13,04 milhões de 2014.
"Esse resultado se deve, principalmente à queda da produção no Espírito Santo, maior Estado produtor da espécie, causada pela estiagem no final da safra anterior e pelo intenso frio no período da florada da atual safra", disse a Conab, em seu relatório.
(Por Reportagem de Silvio Cascione)