SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - A safra de grãos do Brasil deverá se recuperar em 2016/17, cujo plantio está apenas começando, com melhora das produtividades de soja e milho, voltando a patamares vistos em anos anteriores após problemas climáticos em 2015/16, disse nesta quinta-feira a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em sua primeira previsão para a nova temporada.
A safra de soja do Brasil em 2016/17 deverá subir para uma faixa recorde entre 101,9 milhões e 104 milhões de toneladas, ante 95,4 milhões em 2015/16.
Já a safra total de milho foi estimada entre 82,3 milhões e 83,8 milhões de toneladas, ante 66,7 milhões em 2015/16.
Com o aumento dos volumes de soja e milho, grãos mais cultivados no país, a safra total do país em 2016/17 poderá atingir um recorde entre 210,5 milhões e 214,8 milhões de toneladas, voltando ao patamar de 200 milhões visto na temporada 2014/15 e perdido em 2015/16.
"Se confirmada essa safra, ela supera as perdas de 2015/16", destacou o presidente da Conab, Marcelo Bezerra, em conferência de imprensa.
Importantes regiões de cultivo de grãos, principalmente no Centro-Oeste, sofreram com chuvas irregulares ao longo de 2015/16, derrubando produtividades.
Com a expectativa de um clima mais próximo da média histórica em 2016/17, a produtividade de milho no país deverá saltar 24 por cento e a de soja 6,1 por cento na nova temporada.
Em um cenário de crédito mais apertado e margens menos estimulantes, a área de soja --carro-chefe das exportações brasileiras-- deverá subir entre 0,6 e 2,7 por cento em 2016/17, disse a Conab.
Já a área de milho verão poderá variar de um recuo de 1,3 por cento até um aumento de 4,2 por cento na nova temporada. Por questões de metodologia, a Conab não fez ainda uma nova previsão de área plantada com milho segunda safra (inverno).
OFERTA DE MILHO
A indústria brasileira que depende do milho para suas atividades, principalmente os produtores de aves e suínos, conta com a nova safra do cereal para reabastecer seus estoques e arrefecer os preços, que atingiram patamares recordes recentemente e corroeram as margens do setor.
"O milho vai continuar nesse preço ou vai até cair, porque temos um estoque privado no mercado interno bastante significativo... Se eu pudesse orientar o produtor eu diria que, se o preço estiver razoável, quem tiver estoque que o venda, pois tem previsão de aumento da primeira safra", disse o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller.
Na safra de verão, a produção de milho do Brasil deverá crescer entre 1,6 e 7,3 por cento, para uma faixa entre 26,3 milhões e 27,7 milhões de toneladas. No inverno, a recuperação da colheita deverá atingir 37,3 por cento, para 56,1 milhões de toneladas.
Desta forma, a Conab projeta que o Brasil precisará importar cerca de 500 mil toneladas do cereal no ano safra 2016/17, que corresponde ao período comercial até entre fevereiro de 2017 e janeiro de 2018. Na temporada anterior, que ainda está em andamento, a importação de milho foi estimada em 1,75 milhão de toneladas, a maior da década.
(Por Gustavo Bonato e Leonardo Goy)