Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A safra de soja do Brasil 2022/23 foi estimada nesta quarta-feira em recorde de 152,9 milhões de toneladas, de acordo com levantamento mensal da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que elevou a projeção em cerca de 200 mil toneladas ante o número de janeiro.
A Conab citou problemas na produtividade da safra do Rio Grande do Sul pela seca e ainda reduziu levemente a projeção de área plantada com soja no país, mas ressaltou que o "desempenho favorável no Centro-Oeste" compensa o efeito da estiagem no Sul.
"O início da colheita de milho e soja no Estado gaúcho confirmam as previsões de queda de produtividade acentuada devido às baixas precipitações ocorridas durante o ciclo da cultura... Por outro lado... em Mato Grosso as produtividades obtidas para a soja, por exemplo, têm sido superiores às previstas", disse o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro, em nota.
A previsão de área plantada com soja foi ajustada para 43,3 milhões de hectares, ante 43,46 milhões na previsão do mês passado.
Apesar desse ligeiro ajuste, a Conab ressaltou que o plantio da oleaginosa deverá avançar 4,4% na comparação com o ciclo anterior, com a incorporação de novas áreas de pastagens e a migração de outras culturas para a soja na primeira safra. Também com uma expectativa de produtividade maior, a produção brasileira deverá crescer 21,8% na comparação anual.
REVISÃO NO MILHO
Já a colheita total de milho do Brasil 2022/23 foi prevista em 123,7 milhões de toneladas, ante 125,06 milhões na previsão de janeiro, com a Conab reduzindo a expectativa de área plantada na segunda safra, a principal do país, cujo plantio está começando. Ainda assim, o total semeado nas três safras deve crescer 2,1% na comparação anual, para 22 milhões de hectares.
A estatal estimou a segunda safra de milho do Brasil em 94,97 milhões de toneladas, ante 96,3 milhões na previsão anterior. Já a estimativa de área plantada com o cereal para colheita no inverno foi reduzida para 16,97 milhões de hectares, ante 17,25 milhões projetados em janeiro, em meio a atrasos na primeira safra, notadamente no Paraná.
"Estima-se uma diminuição na área semeada em relação à safra passada (no Paraná), tendo em vista os prejuízos causados pela cigarrinha na safra anterior, bem como os atrasos no ciclo da primeira safra", disse a Conab.
Segundo o relatório, muitos produtores cogitam plantar feijão em vez de milho devido ao período maior de zoneamento, especialmente na região sudoeste do Paraná. Outros substitutos cogitados pelos produtores são sorgo e trigo.
Apesar da revisão negativa na safra de milho, a Conab elevou a projeção de exportação do cereal de 45 milhões para 47 milhões de toneladas, mesmo número do ciclo anterior.
"Com a projeção de aquecida demanda externa pelo milho brasileiro produzido na safra 2022/23... acredita-se que o aumento da produção brasileira, alinhada à maior demanda internacional, deverão manter o elevado volume de exportações do grão em 2023", disse a estatal.
A Conab ainda manteve a previsão de exportação de soja em recorde de 93,9 milhões de toneladas, versus 78,9 milhões na temporada passada.
RECORDES NO ALGODÃO E TRIGO
A Conab ainda elevou ligeiramente a previsão de safra de algodão para recorde de 3,04 milhões de toneladas, com revisão de 1,9% na área plantada, em momento em que a semeadura já supera 80% da área prevista. Se a previsão se confirmar, o Brasil deverá elevar em quase 20% a produção da pluma ante 2021/22.
A estatal ainda elevou sua projeção de safra de trigo de 9,77 milhões de toneladas para um recorde de 10,55 milhões, com a realização de um levantamento de dados de produtividade no Rio Grande do Sul, que impulsionou a colheita nacional, após a finalização da colheita semeada em 2022.
(Por Roberto Samora)