BRASÍLIA (Reuters) - A política de reajustes diários dos combustíveis implementada pela Petrobras (SA:PETR4) prejudica a construção civil e pode causar mais desemprego no setor, disse nesta segunda-feira o presidente da Câmara Brasileira de Construção Civil (CBIC), José Carlos Martins, após audiência com o presidente Michel Temer.
"Essa confusão toda é em função da política de preços da Petrobras. Todo mundo está pagando por isso", reclamou Martins. "Para uma obra de três, quatro anos, eu preciso de um mínimo de previsibilidade".
O presidente da CBIC lembra que pela lei que criou o Plano Real, os reajustes de obras da construção civil podem ser feitos apenas uma vez por ano. No caso de alguns contratos públicos, como no Minha Casa, Minha Vida, não há previsão de reajuste pela duração do contrato.
"Tenho uma inflação de 3 por cento ao ano. Se eu incorporar no meu contrato uma previsão de reajuste de combustíveis de 40, 50 por cento, não só eu não ganho a licitação como os órgãos de controle vão dizer que eu estou superfaturando", afirmou.
Martins diz que não trouxe uma proposta para o governo resolver o problema, mas diz que a política precisa ser discutida com a sociedade.
"No aspecto real, a Petrobras é um monopólio. Ela não pode ser comparada com uma empresa que vive à mercê da concorrência. Temos que ver, via diálogo, via conversa, o que é bom para todo mundo. É preciso uma política com um mínimo de regularidade", defendeu.
Segundo ele, ainda não há uma nova onda de desemprego no setor causada pelo reajuste dos combustíveis ou pela tabela de transporte dos caminhoneiros, mas o setor ainda não se recuperou totalmente e não tem espaço para absorver novas crises.
O governo admitiu nas últimas semanas rever os reajustes diários da Petrobras, dando mais previsibilidade aos aumentos. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) estuda uma alternativa, mas até agora se fala de reajustes mensais. De acordo com Martins, isso não resolveria o problema do setor.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)