Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - As quedas de duas torres de transmissão do sistema Eletrobras (BVMF:ELET3), entre a noite de domingo e madrugada da última segunda-feira, ocorreram após sabotadores cortarem os cabos de fixação, chamados de estais, disseram três fontes com conhecimento da situação.
Os atos de vandalismo ocorreram após a invasão dos prédios Três Poderes, no domingo, e a Polícia Federal investiga se estão relacionados aos atos com motivação golpista e abriu três inquéritos. Neste contexto, medidas para ampliar a segurança em refinarias da Petrobras (BVMF:PETR4) também foram acionadas, diante de ameaças.
As torres caíram em sistemas de Furnas (no Paraná), na madrugada de segunda-feira, e da Eletronorte (Rondônia), na noite de domingo, sem resultar em problemas para o fornecimento de energia, já que esquemas alternativos foram acionados.
Uma terceira torre, do grupo Evoltz --em linha que vai de Rondônia a São Paulo (Complexo Madeira)--, também foi derrubada na madrugada de segunda-feira, com indícios de sabotagem pelo corte dos estais.
"Foram encontradas evidências de sabotagem", disse uma fonte em condição de anonimato.
"Na linha do Paraná foram encontrados fios cortados, num sinal de vandalismo", disse uma segunda fonte também em condição de sigilo. "Houve corte de estais ou soltura de parafusos".
Elas explicaram que as torres derrubadas, do tipo estaiadas (fixadas por cabos), são menos comuns no sistema brasileiro de transmissão, que conta mais com as chamadas autoportantes, fixas no solo.
Não havia imediatamente informações sobre os suspeitos de participar da derrubada das torres.
Procurada, a Eletrobras não comentou o assunto imediatamente.
Segundo as fontes, a linha do Paraná foi normalizada na manhã desta sexta-feira, enquanto a linha da Eletronorte, em Rondônia, havia sido reativada na quarta-feira. A torre do Complexo do Madeira deve voltar a operar ainda nesta sexta-feira, segundo uma das pessoas com quem a Reuters falou.
No caso paranaense, documento publicado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) também apontou avarias em três outras torres do empreendimento, além dos indícios de "sabotagem" ou "vandalismo".