DUBAI (Reuters) - Cortes de gastos e em subsídios no setor de energia planejados pela Arábia Saudita sinalizam que o maior exportador global de petróleo está se preparando para um período prolongado de preços baixos da commodity.
O líder da Opep não indica que mudará a estratégia de longo prazo. Em vez disso, parece disposto a continuar tolerando o petróleo barato para defender a sua participação no mercado, esperando que este se equilibre sem a necessidade de cortes de oferta, segundo fontes do setor e analistas.
Em um dos sinais mais fortes de que o reino vai manter sua estratégia, apesar do impacto em suas finanças, o presidente do conselho da da estatal de petróleo Saudi Aramco, Khalid al-Falih, disse que a empresa poderia resistir mais que outros rivais.
"Nós vemos o equilíbrio do mercado em algum momento de 2016. Vemos a demanda em última instância superior à oferta e absorvendo muito o excedente, e os preços vão responder em seu devido tempo, independentemente de quando e quanto", disse Falih em entrevista coletiva na noite de segunda-feira, detalhando o orçamento do próximo ano.
"A Arábia Saudita mais do que ninguém tem a capacidade de esperar o mercado até que este equilíbrio se realize", disse ele.
Analistas disseram que os planos anunciados na segunda-feira para reduzir um déficit orçamentário por meio de cortes de gastos e reformas em subsídios de energia mostram que Riad está esperando menores receitas.
"Nós não vemos quaisquer mudanças na política de petróleo da Arábia Saudita --em contexto de produção de petróleo", disse o analista Amrita Sen, da consultoria Energy Aspects.
O orçamento saudita para 2016, divulgado pelo Ministério das Finanças na segunda-feira, é marcado por uma radical reformulação na política econômica do maior exportador de petróleo do mundo, e inclui reformas politicamente sensíveis das quais as autoridades haviam anteriormente se esquivado.
Os preços do petróleo operam nesta terça-feira não muito distantes das mínimas de 11 anos, sob pressão de uma demanda global mais lenta e de oferta abundante, com a Arábia Saudita sem dar sinais de mudança em suas políticas de produção.
(Por Rania El Gamal)