Por Ron Bousso e Dmitry Zhdannikov
LONDRES (Reuters) - Cortes mais acentuados na produção de petróleo da Opep e de outros países não irão evitar um grande aumento nos estoques, disse nesta sexta-feira o chefe da Agência Internacional de Energia (IEA), Fatih Birol, que pediu que países ricos discutam medidas mais amplas para estabilizar os mercados.
O chefe da agência disse à Reuters que medidas para conter a disseminação do coronavírus levaram a uma perda de demanda "sem precedentes" que pode representar até um quarto do consumo global.
Birol falou à Reuters após conversa com o ministro de Energia da Arábia Saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, e antes de um encontro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados, um grupo conhecido como Opep+, que se reunirá na segunda-feira para discutir cortes de produção com o objetivo de reverter o colapso nos preços da commodity.
Mesmo com cortes de produção de 10 milhões de barris por dia, equivalentes a 10% da oferta global, os estoques de petróleo ainda deverão crescer em 15 milhões de barris por dia no segundo trimestre, disse Birol.
"Isso significaria que ainda haveria uma enorme pressão sobre os mercados globais de petróleo", afirmou ele.
"A reunião de segunda-feira com os países da Opep+ pode ser um bom começo, mas mesmo os números sobre os quais estão falando podem não ser o suficiente para encontrar uma solução para o problema. Só ajudaria a mitigar os danos que temos visto."
Ele pediu que a Arábia Saudita, que na prática comanda a Opep e é a atual líder do grupo de grandes economias G20, discuta medidas mais amplas para estabilizar o "derretimento" da economia global.
"A Arábia Saudita, que tem sido responsável por estabilizar os mercados de petróleo por muitos anos, pode novamente ter um papel construtivo, e como líder do G20 poderia juntar todas grandes economias do mundo-- produtores e consumidores-- para que dialoguem sobre medidas a serem tomadas para tentar estabilizar os mercados de petróleo."